domingo, 12 de novembro de 2017

(RE)LENDO «Sabedoria sem Respostas» de Daniel Kolak e Raymond Martin

KOLAK, Daniel; MARTIN, Raymond – Sabedoria sem Respostas: Uma Breve Introdução à Filosofia. Lisboa: Temas e Debates, 2004. ISBN: 972-759-467-0. 212 p.

A obra Sabedoria sem Respostas está dividida em catorze capítulos e, além disso, possui um prefácio, uma nota introdutória – que, curiosamente, são dos próprios autores – um epílogo e um último capítulo, intitulado «Ligações Filosóficas», que se subdivide em mais catorze capítulos.
Antes de nos debruçarmos nos catorze capítulos iniciais, diríamos, a estrutura principal da obra destes dois autores americanos[1], remeter-nos-emos para a parte final, a fim de esmiuçarmos o sentido pedagógico do capítulo das «Ligações Filosófica», onde os catorze capítulos, não são mais que – em termos de título – uma repetição dos catorze estruturais. A saber: Cap. 1 – Onde; Cap. 2 – Quando; Cap. 3 – Quem; Cap. 4 – Liberdade; Cap. 5 – Conhecimento; Cap. 6 – Deus; Cap. 7 – Realidade; Cap. 8 – Experiência; Cap. 9 – Consciência; Cap. 10 – Cosmos; Cap. 11 – Morte; Cap. 12 – Sentido; Cap.         13 – Ética; e, Cap. 14 – Valores. O mesmo capítulo funciona como uma extraordinária descrição bibliográfica, onde os autores se recriam através das obras temáticas para cada conceito, não se limitando a fazerem a descrição normativa da referida bibliografia, mas a fornecerem novas pistas introdutórias às obras citadas. Tomemos como exemplo: «Para uma introdução invulgar e excêntrica à geometria não-euclidiana, tão importante para a compreensão do conceito cosmológico de espaço como um todo, experimente Eugene F. Krause, Taxicab Geometry: An Adventure in Non-Euclidian Geometry (Dover, 1986). E para uma introdução histórica às teorias do espaço e do tempo, veja-se John Losee, Uma Introdução Histórica à Filosofia da Ciência (Terramar, 1997)» (p. 164), havendo por parte da editora a preocupação de actualizar a bibliografia editada e/ou traduzida em Portugal, como se depreende pela segunda obra citada.
No prefácio, os autores começam por realçar a noção errada que muitas vezes se faz da Filosofia como sendo apenas um corpo de conhecimento, onde se espera receber informação, em vez se pensar pela própria cabeça. Assentes nessa noção, difundem o propósito em contrariar o “queixume” de muitos filósofos, face à desmotivação dos seus estudantes, quando os sentem inaptos – ou muito pouco preparados – “para lidarem com a matéria usada nas disciplinas introdutórias”. Ainda, segundo os autores, importa contrariar a afeição pelas respostas feitas, de forma a prepará-los para darem novo sentido às coisas. E, logo a seguir, a nota introdutória serve para reafirmar a nossa condição de crianças, “impertinentes” nas perguntas, com total abertura, muitas vezes irrespondíveis, quando procurávamos e queríamos sabê-las: Sabíamos que não sabíamos as respostas, e queríamos sabê-las. À nossa condição de espanto, enquanto crianças, relegamos a curiosidade infantil para a estrutura de respostas[2] que silencia a nossa capacidade de agir, só porque, inevitavelmente, nos tornamos adultos. Por isso, muitas dessas perguntas ficaram por responder: De onde viemos? Qual o objectivo da nossa vida? Qual a natureza do Universo em que vivemos? O que nos acontece quando morremos?
Prosseguindo o raciocínio dos autores, constatamos a aparente solidez das nossas crenças, hipoteticamente transmissoras de conhecimento – assentes em respostas que escondem mais do que revelam –, mas não de sabedoria. Numa alusão clara ao pensamento de Sócrates, Kolak e Martin, chamam a nossa atenção para o principal obstáculo ao estudo da filosofia, quando recorremos ao pressuposto de sabermos de mais. O objectivo do livro vai, precisamente, no sentido de trazer os leitores “para o domínio da filosofia como o faria Sócrates se ainda estivesse entre nós: afastando-o das respostas durante o tempo suficiente, para que possa ter a experiência da sabedoria do desconhecedor”. Daí, o sentido de fazer da filosofia uma actividade e não um corpo de conhecimentos, cultivando a perícia, ou seja, “a habilidade para nos vermos a nós próprios e ao mundo de muitas perspectivas diferentes”. Impelem-nos mesmo em sustentarmos o objectivo de nos desenvencilharmos (por completo) da dependência das respostas. Abordam, também, o sentido de «perspectiva» como “uma interpretação que vai para lá dos factos e que se apoia nos pressupostos, convicções ou valores da pessoa que faz a interpretação”. E dão o exemplo do feto de três meses que é intencionalmente abortado, levando a que se equacione o objecto de interpretação em duas perspectivas, a do assassinato e uma outra assente em dois pressupostos diferentes: o feto não era uma pessoa, na melhor das hipóteses era uma pessoa em potência, e a morte de pessoas em potência nem sempre é um assassínio. Dão outros vários exemplos onde são postos em confronto os pontos de vista dos outros – os quais nos custam admitir – com os nossos, os que julgamos como sendo a única janela válida para a “verdadeira realidade”. A filosofia é-nos “revelada” por estes dois autores, em forma de nos mostrar como identificar as limitações dos nossos próprios pontos de vista e a sair de nós próprios (Introdução, p. 16).


A nota introdutória culmina com o relato de uma lenda antiga de três homens sábios de três impérios diferentes que, um dia, se encontraram à entrada de um reino pacífico. Cada um deles, em face de uma guerra tripolar – apesar dos seus sábios conselhos, tinham levado à ruína dos seus impérios –, tinha vindo à procura de asilo. A rainha do reino pacífico coloca-los-ia perante um enigmático teste de adivinhação da cor de um ponto que previamente havia sido pintado nas suas testas, sentenciando a não resolução de tal enigma pela decisão de nenhum estar a altura de ser sábio no seu reino, sendo, por isso, decapitados. Tudo se resume à prática de observação, não havendo forma de conseguir descobrir respostas, olhando apenas para os nossos pontos de vistas. Os autores escolheram esta lenda como forma de nos chamarem à atenção para a preventiva excessividade de raciocínio, aliada à ludibriável desconfiança em relação aos outros; para a sensação do enigma se tornar insolúvel, só porque queremos inflectir apenas sobre o nosso ponto (de vista); e, finalmente, para resposta racional, obtida pela observação dos pontos (de vista) dos outros. À pergunta da rainha, de qual deles teria um ponto verde pintado na testa, tornar-se-ia sábio do reino, aquele que vislumbrara a realidade de todos os pontos serem vermelhos.
Onde? – capítulo primeiro, coloca-nos a nós leitores na interactividade de sabermos onde estamos, onde fica a Terra, o nosso sistema solar, o Universo, sendo que este último, não existindo mapas, confere-nos, contudo, a sua localização por dentro dele estarmos colocados: Até agora temos determinado a posição de cada coisa localizando-a num espaço que a contém. Contudo, o Universo é o espaço último que tudo contém: por definição, o Universo contém tudo (p. 22). Um desafio aliciante mantem-nos debaixo do enigma de sabermos onde estamos, só porque estamos exactamente onde alguns dos nossos amigos dizem que nós estamos: em lado nenhum. Onde está o leitor? Aqui! – respondemos. Aqui, onde? E voltamos à fase inicial... No segundo capítulo – Quando? – os autores, equacionados pela resposta óbvia do leitor em dizer aqui e agora, reformulam o quando é o agora, quando é o presente, estampando os cinquenta séculos de história como um pequeno segmento de tempo dentro do espaço tempo de aproximadamente quinze milhares de milhões de anos, que é a idade actualmente calculada do Universo. O diálogo mantém-se com a perspectiva do senso comum sobre a relação entre o tempo e a realidade, tendencialmente impulsionados pela experiência de memória quando nos lembramos de algo que fizemos em criança, sendo que tais acontecimentos de que nos lembramos já não existem e por isso são irreais. O mesmo acontece com o futuro: Se o leitor souber agora que amanhã vai reler este capítulo, o acontecimento de reler o capítulo só é real quando acontecer. Até acontecer não passa de uma mera possibilidade. Ganhamos noção da realidade presente, tal como ler o livro: Uma vez que está a ler estas palavras, está vivo (p. 29). Num volutear constante entre o aqui e agora, os autores procuram manter o diálogo com o leitor – que, circunstancialmente, somos nós, mas que bem podem ser outros tantos, deixando de o ser a partir do momento que é passado (deixamos de o ler para o comentar) – ao formularem o propósito de que “enquanto escrevemos estas palavras são 5.45 da manhã. Eastern Standard Time dos EUA, sábado, 6 de Janeiro de 1990. Do nosso ponto de vista, isto é agora. Do ponto de vista do leitor, isto (o nosso presente agora) é então. Mas do ponto de vista do Universo como um todo, este agora – tal como o agora do leitor, como todos os agoras – é um lugar nenhum, sempre e nunca”. Mantendo a ponte – e/ou o fio condutor –, chegamos ao terceiro capítulo – Quem? – sendo que esse “quem” somos nós: Quem é o leitor? E de uma pergunta simples transformamo-la num enigma complexo, só porque fazemos questão em dizer o nosso nome, a nossa idade, os nossos interesses, a nossa profissão, o local onde vivemos, etc., etc. Mas, mesmo assim, as dúvidas subsistem: Que idade? Se a idade do corpo ou a imaterial, permitindo o devaneio de «o que conta é a idade que se sente», tomando como referência a nossa maneira de ser, psicológica, emocional ou intelectual, dum corpo velho em mente nova; o sujeito-verbo-sujeito, focando a nossa atenção no objecto, tomando-o como garantia, concluindo que não podemos ser hoje aquilo que fomos há alguns anos; o nome, em contraste com o nome de um rio; os neurónios constituídos por iões e electrões, em fluxo permanente; todas as sensações, emoções e pensamentos de que estamos a ter experiência, como existência do presente, ainda que a relembrar o passado; a mudança dos estados mentais, muito mais rápido do que a substância física de que somos feitos; o búzio encostado ao ouvido, auscultando o “eco do sangue a correr pelo canal do seu ouvido. É o som que o leitor produz. O som do rio” – como não há rios permanentes, excepto em teoria, também não há pessoas permanentes, excepto em teoria (p.41). A cumplicidade (autores / leitores) e as interrogações prosseguem através da Liberdade – Porque razão está a ler isto? É indiferente a razão que nos levou a ler este livro, mesmo que alguém o tenha dito para o fazer. Outra questão se coloca: Será que ao lê-lo estamos a agir em liberdade? Se o fizermos porque queremos, estaremos a fazê-lo em liberdade. Contudo, se recebermos ordens para o fazer, para questionar as ordens e deixar de as questionar, aperceber-nos-emos que não temos liberdade, estaríamos sobre o controlo das ordens. Caso essas ordens não fossem dadas sob a forma de instruções, mas antes sob a forma de anseios directos que nos fariam agir de determinada forma, seria mais subtil, levando-nos a fingir que esses anseios dependiam de nós. Os vários exemplos apontados pelos autores vão no sentido de nos interrogarmos quanto à liberdade de comportamento, sem eliminar o facto das nossas escolhas – e mesmo comportamentos – dependerem de nós apenas de uma forma muito ténue: Se continua a achar que tem liberdade num sentido mais robusto do que este, então pergunte-se a si próprio: se é livre, quando começou a sê-lo? (p. 46). Concluem com a noção de que, normalmente, supomos ser livres no sentido em que o que fazemos depende nós, sendo que a liberdade deste tipo é ilusória. E perguntam-nos se queremos continuar a ler este mesmo livro; do Conhecimento – O leitor tem várias crenças. Mas quais das suas crenças é conhecimento, se é que alguma o é?. A ilusória autoconfiança do apostador de corridas de cavalos quando acredita ardentemente que o seu cavalo vai ganhar. Não se pode saber pela adivinhação, mesmo que se acerte. Assim, não se obtém conhecimento apenas pela crença, mas, necessariamente dever-se-á estar conectado com a verdade daquilo em que se acredita, através das provas ou das razões que se tem para acreditar. As provas serão adequadas “quando tornam, nas circunstâncias em que existem, a verdade de uma crença mais do que menos provável”. Se os pressupostos estiverem errados há sempre a possibilidade de os reformular. O conhecimento e a ciência, também são aqui abordados, sendo que, ao acreditarmos na palavra, adquirimos algumas crenças indirectamente. Mas como é que alguém sabe algo directamente? E, aqui, obtém-se a resposta pela experiência. Com base na experiência, sabemo-lo e constatamo-lo directamente. Num aliciante jogo de “ping-pong” – deixamo-nos envolver neste jogo, dado que entendemos a Filosofia não como um assunto, mas como uma actividade (mental) – os autores levam-nos a concluir que a chave para resolver os enigmas consiste em descobrir as coisas que conhecemos directamente e o modo como as conhecemos. Por isso, o conhecimento tem de ser baseado na experiência directa; de Deus – Poderá o conhecimento de que Deus existe fornecer a ponte necessária entre a experiência e a realidade – entre os nossos estados mentais subjectivos e o mundo exterior? Neste sexto capítulo, Kolak e Martin despertam-nos para a realidade de Deus, “como a realidade que subjaz à realidade de tudo, incluindo a realidade da experiência e do mundo exterior” (p. 65). É um tema pertinente na Filosofia, sempre que procuramos obter – ou encontrar – provas adequadas quanto à existência de Deus, nos auto-sugestionarmos a sensação da sua existência pelo facto do Universo existir, sugerindo o seu surgimento de algures, como que os objectos sendo físicos não podem surgir do nada. E volta-se a colocar o velho problema, o qual os autores acham demasiado óbvio: se tudo tem de vir de algures, de onde vens Deus? Aí, constatamos o dilema da sua explicação existencial porque Deus, ao contrário do Universo, existe sem qualquer causa externa. Interrogamo-nos de novo na forma em adoptarmos um padrão para Deus e outro para o Universo. Ao longo das cerca de onze páginas decorrentes desta interrogação, estes ilustres catedráticos mantêm-nos “presos” a uma espécie de dualidade de desígnios, diríamos quase tentadora de desmistificarmos a tentação – com desculpas para o pleonasmo – em pensarmos que Deus é especial – que Deus, ao contrário do Universo, não requer um desígnio exterior (p. 68). O livre-arbítrio, o sofrimento, o afirmar saber da existência só porque se é crente, as respostas misteriosas, a perplexidade e insegurança nas respostas, o fingir saber mais do que aquilo que de facto sabem, preenchem a certeza de que há verdades científicas e há o mistério. Ficamos com a sensação, induzidos pela teorização dos autores, de que não são apenas os crentes que regularmente tentam encobrir mistérios. Também os ateus regularmente os tentam encobrir. E ambos os grupos, quando tentam esconder mistérios, tentam fazê-lo basicamente do mesmo modo: pretendendo saber mais do que de facto sabem (p. 75); da Realidade – Será que percepcionamos directamente o mundo real? Dos conceitos teológicos e científicos, partimos para a realidade que vemos e sentimos directamente. Do uso das teorias, os autores estimulam-nos a experiência e se há forma de sair dela para uma melhor compreensão da realidade. E experimentamos a realidade das coisas – e/ou objectos – familiarizando-nos com elas, sendo que a sua evidência esconde o mistério de uma realidade: Mas porque todos sabemos o que são cadeiras e que elas são reais, pressupomos que sabemos o que «torna» uma cadeira real (p. 78). Sentados numa cadeira real, continuamos, a convite dos autores, a ler o livro. E voltamos a questionar a realidade do objecto: [...] mas, antes, o que torna a sua cadeira uma cadeira real em contraste com uma cadeira não real – alucinatória ou imaginada (idem p. 78). Pela compreensão da realidade de um objecto tão simples como uma cadeira, estaremos a um passo do caminho certo para compreender a realidade. Tudo perpassa através dos conceitos, do significado por nós criado e dependente da mente, das formas interpretadas e não interpretadas, das propriedades dos objectos, da experiência visual depois de retirada a sua contribuição mental, do movimento dos olhos e do pensamento, do componente interpretativo do tacto – como a experiência de calor, de humidade, de plano, de macio e assim por diante –, da percepção, etc. E a pergunta volta a ser colocada: O que é então a realidade? A ponte é de novo estabelecida: Talvez se compreendêssemos melhor a experiência conseguíssemos atravessar essa ponte e descobrir a verdadeira natureza da realidade (p. 85); da Experiência – Serão a sensação, a emoção e pensamento componentes da nossa experiência? Dificilmente deixaremos de manter a ponte com os autores. A interactividade permanece, estimulando-nos à consciencialização das emoções como uma mistura de sensações e pensamentos. Suponha que se queima no fogão. O que acontece? A dor é claramente uma sensação. Pensar na sensação é diferente do desconforto provocado pela própria sensação: A irritação por se ter queimado é em parte uma sensação no seu corpo, uma sensação de agitação e talvez de excitação (p.87). Aqui, os autores ajudam-nos a raciocinar sobre as nossas sensações, causadas directamente pela acção de objectos físicos reais e pelos nossos órgãos sensoriais, sobretudo quando as mesmas podem influenciar as nossas mentes. Ser dor é diferente de Causar dor. Sendo que a dor é uma coisa e o pensamento é outra, e tendo em conta que o pensamento tem um componente de sensação, é possível aventarmos a possibilidade de sonharmos acordados, criando, circunstancialmente, fantasias visuais e vemo-las manifestarem-se. As sensações internamente causadas, onde o pensamento ocorre na forma de imagens auditivas; a experiência dissolvida em dois componentes: sensações e pensamentos; a concepção elementar – leitor, dedo e dor – e o dilema entre os conceitos mentais e as sensações, experimentalmente testadas pelo tacto; a experiência sem a contribuição visual; a interpretação da informação, sendo que o seu dedo não pode saber coisa alguma sem que a sua mente interprete a pressão como pressão na ponta do seu dedo (p. 91); a experiência do componente de pensamento da sensação, como próxima da explicação científica; os átomos e a energia causada, dando inicio à cadeia de acontecimentos que começam na ponta do dedo e termina no cérebro; a função do sistema nervoso, impulsionador eléctrico ao cérebro; o sentir e o pensar, a experiência e a realidade; são temas – e/ou interrogações – que perpassam ao longo das dez páginas que este capítulo suporta e onde os autores nos alertam para o facto da experiência que, longe de nos dar acesso directo à realidade, bem poderá em última instância, construir pontes que nos levam [...] apenas de volta a nós mesmos (p. 96); da Consciência – Quando queremos compreender algo em termos científicos, explicamos esse algo em função de outra coisa de tipo diferente? Neste capítulo (9), Kolak e Martin chamam-nos à consciência de vivermos numa época reducionista, uma espécie de estratégia que tem sido “imensamente bem sucedida”.  E tudo começa por tentarmos definir o que são mentes, corpo vivo, moléculas orgânicas, átomos, electrões e neutrões e coisas do género, envolvendo matérias como a física, a química, a biologia: por outras palavras, as nossas mentes foram reduzidas à biologia, a qual foi reduzida à química, a qual foi reduzida à física, a qual volta a deixar entrar a mente pela porta de trás (p. 99). Segundo os autores, fugimos da consciência de modo a seguir uma estratégia reducionista que, voltada sobre si própria, acaba por nos deixar novamente com a consciência. Com um certo cunho de humor, sempre nos vão dizendo que esta é uma pequena brincadeira da natureza do século XX. O processo reducionista – chegando ao fim voltando-se de novo para si mesmo – e as questões a este respeito são tão técnicas e os desenvolvimentos científicos tão recentes que ainda hoje não mereceram a atenção dos filósofos ou dos cientistas. A subjectividade da mente, a consciência e a experiência, conjecturando-nos à compreensão e à experimentação, pelo facto de só a visão nos poder dar a experiência da cor, enquanto o invisual nos remete, apenas, à compreensão. No entanto, o invisual é ricamente científico, enquanto o oposto é apenas rico em termos de experiência. E o que fica por descobrir – ao tentarmos compreender a origem do Universo, por exemplo – “força-nos” a enfrentar a estranha possibilidade de que o Universo – que existe em lado nenhum e que nunca aconteceu – vem do nada (p. 101); do Cosmos – Será possível o nada: que não há planetas nem estrelas? Da «consciência» partimos para o «cosmos». A possibilidade de imaginarmos o vazio, preenchido por objectos aparentemente sólidos e como sendo meras configurações de átomos, racionaliza a outra possibilidade do Universo conter muito mais espaço vazio do que matéria. O esforço em imaginarmos o vazio rodeado de vazio – sendo que o mesmo está próximo do nada – como aquilo que somos (Cf. p. 103), faz com que tenhamos que fazer um esforço menor para imaginarmos o próprio vazio. O exemplo experimental apontado pelos autores, propondo-nos a observação do céu, da sala onde estamos e de um espelho, concluiremos que tudo o que vemos é quase nada, manifestando-se num extraordinário desafio de partirmos até ao Universo, que está em parte nenhuma e existe em tempo nenhum (p. 104), constituído por espaço vazio, perto de ser nada. Contudo, algo existe. As respostas óbvias às nossas interrogações, sempre que somos confrontados com a “velha máxima” de que Deus criou o Universo, então o Universo existe porque Deus o criou, é um tema (problema – a principal realidade da Filosofia) aqui inteligentemente “explorado” pelos autores, mesmo quando relançam o “nada” como uma consequente explicação para a existência ou não de Deus. O confronto entre a religião e a ciência, revelasse-nos pela argumentação dos físicos clássicos de que a matéria não poderia ser criada nem destruída. E uma vez que o Universo existe agora, tem de ter existido sempre. No entanto, que Deus existe é algo de questionável e controverso. O Big Bang, o Universo nascido explosivamente – resultado do colapso de um Universo prévio –, e as eternas interrogações de como teria ocorrido, coloca-nos na possibilidade cíclica da morte de um Universo e o nascimento de um outro (Big Crunch). Supondo-se a não-teoria cíclica do Universo, voltamos à possibilidade da criação do mesmo, a partir do nada. Novas dúvidas se levantam, a partir do momento que tomamos consciência de que o nada é coisa nenhuma.  Passo a passo, Kolak e Martin, ajudam-nos a reflectir sobre o “estável” e “instável”; a nossa existência num Universo bem ordenado – quando o nada degenera em Universos caóticos –, suficientemente ordenado e estável para produzir questionadores; a questão de sabermos por que razão existe algo em vez de nada, sem que para isso seja uma questão científica: Porque existe algo em vez de nada? Em última análise, porque algo – este Universo – existe necessariamente (p. 110). Deus ou o Universo: aquilo que a religião entende por Deus a ciência moderna entende por nada, “obrigrando-nos” a especular a não existência de Deus e do nada, no espaço e no tempo, dado que ambos dão origem ao Universo de espaço, tempo, energia e matéria. São os próprios autores que nos dizem que tanto Deus como o “nada”, na sua diferença sem importância aparente, dão origem à mesma coisa: o Universo; da Morte – Mas o que é uma alma? E será que o leitor tem alma? Neste percurso de leitura, voltamos ao nada, ou dele tomaremos consciência, dado que quando morremos, os átomos do nosso corpo não vão desaparecer, pois, serão absorvidos pelo solo, pelas plantas, pelos animais e pelas pessoas. Todo o ser vivo se alimenta da morte. A vida auto-recicla-se através da morte – são afirmações contidas na explanação dos autores. Para sobrevivermos à decomposição do nosso actual corpo físico, teremos que sobreviver como algo distinto do nosso actual corpo – talvez como alma. Apesar de longe ir o tempo em que se apelava às almas para explicar o funcionamento do corpo – a necessidade de substância espiritual para animar a matéria – apercebemo-nos nos tempos que correm que a matéria é energia, substância física universal. É à volta desta problemática que os autores nos conduzem ao sentido semelhável – não fossem os microscópios electrónicos – de almas com os átomos físicos, porque invisíveis a olho nu. Interrogando-se e interrogando-nos permanentemente, subsistem as dúvidas quanto ao que sobrevive à nossa morte corpórea: os fenómenos psíquicos da sobrevivência à morte corpórea como uma alma; a sobrevivência como seres materiais ou espirituais; o perder da individualidade fundindo-nos com o cosmos; a vida depois da morte como sinónimo de sobrevivência, crença apoiada na fé; a fraude – sendo possível que a memória tenha sido estimulada por uma certa informação que adquiriu de uma forma normal (p. 119); as circunstâncias desconhecidas, mas vulgares; o fenómeno psíquico, com percepção extra-sensorial, tendo em conta que nem as modernas histórias de tais fenómenos nem as velhas histórias religiosas se manifestam numa grande ajuda. Acabamos onde começamos: com a vida antes da morte. E a ponte prossegue: E assim, no fim de contas, sempre temos vida depois da morte. Temo-la onde nunca julgamos tê-la: Aqui (p. 121); do Sentido – Porque estamos aqui? Que sentido faz tudo isto? Será que a vida tem algum propósito ou sentido? O propósito de estarmos ocupados a tentar ser bem sucedidos tira-nos a preocupação do sentido. Mas, mesmo assim, mantemos a curiosidade de saber que sentido faz a nossa vida e o porquê do aqui e agora. O sentido da vida é uma permanente procura e “luta” dos ricos e dos pobres: uns lutam, enquanto os outros lutam por sobreviver. São insuficientes as respostas, quando temos respostas a mais, residindo aí o facto de que, quase sempre, as respostas são dadas ao problema errado. Pretende-se responder à questão do sentido da vida, quando aquilo de que precisamos é de uma solução para as lutas da vida. Kolak e Martin insistem em nos exercitarem o consciente: Por que razão a vida é uma luta? Para nos envolvermos numa luta, tem que haver algo ou alguém que represente a resistência que leva a essa luta. Para se acabar com a luta ter-se-á que, necessariamente, acabar com a fragmentação que dá origem à resistência. Porém, dizem-nos os autores: o problema é que não queremos acabar com a luta à custa de sermos dominados (p. 125). A luta interior – “Está a ler este livro. É muito improvável que alguém esteja a tentar dar-lhe um tiro” – como forma de dominarmo-nos a nós próprios, sendo que uma parte de nós tenta dominar a outra; a essência do conflito interno, aumentando o hiato ao distanciar-nos de nós próprios; a tentativa de deixarmos de ser como somos ou vice-versa, aceitando as causas dos nossos vícios; o tipo de sucesso, quando estamos apenas a falar da carreira profissional – o sucesso profissional e pessoal não andam necessariamente juntos (p. 127), contando com a aprovação dos outros; o sermos felizes, por contribuirmos para a felicidade dos outros; o sermos eremitas; o cuidar da imagem como algo idealizado, exagerando a dimensão da nossa independência, procurando, ao mesmo tempo, não admitir a dimensão da nossa dependência; disfarçar a importância que damos ao que os outros pensam de nós, gostando pensar que não nos importamos, provocando em nós uma tensão interior: uma luta interna entre aquela parte de nós que deseja aprovação e aquela parte que deseja a independência da necessidade de aprovação (p. 128); a actividade de nos mantermos em boa forma física, punindo-nos por obrigação ou por gostar do acto físico; a chave do sucesso na vida ligando-nos não a um produto mas a um processo; são algumas das muitas questões que se nos colocam a propósito do significado da vida, sendo que a vida é uma luta porque o leitor se encontra dividido contra os outros e contra si próprio (p. 133); da Ética – Como podem as autoridades encarregues do seu condicionamento saber que o leitor é mau por natureza? Numa escrita escorreita, Kolak e Martin apontam para a realidade presente de pais, professores, legisladores, políticos e líderes religiosos estarem a treinar-nos para nos ajustar ao mundo que eles herdaram dos seus pais, dos seus professores, dos legisladores, dos políticos e dos líderes religiosos, os quais por sua vez os herdaram das suas autoridades e assim por diante (p. 135). Em matéria da «Ética» coloca-se a questão de quando é que alguma vez se permitiu às pessoas a possibilidade de descobrirem por si próprias como é a vida e a tomarem decisões por si próprias sobre como viver melhor, sem terem sido incitadas por agentes exteriores à suas próprias vontades. Tomando como hipótese de as pessoas serem naturalmente más, aventaremos subsequentemente a possibilidade das autoridades (agentes exteriores) serem igualmente más, com a diferença de – para além de serem más – serem também poderosas. A procura da verdade universal num universo relativista; a mulher e a luta travada pela sua emancipação numa sociedade patriarcal; o bastião da autoridade à volta de «Deus», como revelador da verdade, pondo em confronto o intuito de se proporcionar ajuda com a prática da intolerância, da violência, do derrame de sangue, do sofrimento, da repressão, da confusão, do medo, do ódio e da morte; a secularidade das “autoridades”, que afirmam que as suas respostas não estão fundadas na fé mas na razão quando, na “verdade”, têm sido tão impiedosas, tão dogmáticas, tão corruptas e perversas como as suas contrapartes religiosas (p. 139); a estrutura social onde são cumpridas as ameaças de quem sustem o poder; os problemas que se levantam no caso das autoridades externas e da própria consciência; são temas que completam o raciocínio dos autores, levando-nos a reflectir sobre o enraizamento das ideologias familiares, sociais, religiosas e políticas, “que nos falam de dentro, guiando-nos com os nossos próprios sentimentos”. E a pergunta fica no ar: Assim, que razões há para confiar em «quem quer que seja – incluindo em si mesmo –» para nos dar orientação moral?; e, finalmente, dos Valores – Qual deverá ser o valor nas nossas vidas? Este último capítulo, aborda a perspectiva parcial dos valores que herdamos e que ao longo das nossas vidas nos têm dito para os adoptarmos. E quando pensamos na decisão seguida pela nossa própria consciência, seguimos uma consciência que é em si, largamente, o produto do elaborado condicionamento cultural e social (p. 143). Os autores prosseguem no raciocínio confrontando-nos com a obsessão de conseguirmos o que queremos e a subsequente frustração que, normalmente, exala cinismo, pelo facto de muitas vezes já não querermos o que então pretendíamos. O insuficiente e o insatisfatório; a cruel constatação da morte como o fim nos espera (e depois os vermes); a extinção da humanidade, já que não podemos existir para sempre; a resistência  às respostas herdadas e a valores em segunda mão; o enfrentar corajosamente o Universo em desintegração; o questionamento de valores, limitado e limitador, e a forma de podermos sair completamente do nosso quadro de referências de valores; o suspender das nossas obrigações, como forma de pormos de lado os nossos valores familiares e culturais e ir além da nossa consciência (p. 145); as ideias acerca do certo e do errado, do bem e do mal, do bonito e do feio; o juízo intencional de julgarmos o aborto como moralmente permissível, quando poderíamos dizer que feto não é um ser consciente; a distinção crucial entre os valores e os factos; o essencial para o significado de valor, mas não para o juízo de facto; a nossa posição sobre a existência ou não de Deus, por sermos influenciados pela nossa obrigação para com as regras; a capacidade para distinguirmos os valores dos factos; os nossos órgãos sensoriais e a capacidade de responderem aos estímulos factuais – a ondas de som, a ondas de luz, à pressão e assim por diante (p. 150); as dúvidas sobre o realismo; o julgarmo-nos a nós próprios e aos outros, valorativamente; são temas abordados e exercitados numa permanente deambulação entre as perguntas e as respostas, com o intuito de nos levar até ao alcance de uma perspectiva imparcial superior, apreendendo, observando e agindo, valorativamente, ainda que a vacilação da consciência nos faça pronunciar alguma artificialidade na emoção, no pensamento e no movimento.   
Em jeito de conclusão, podemos afirmar que este livro completa-se integralmente através da sinopse da contra-capa, a nosso ver, onde, irrefutavelmente, se reflecte a expressão objectiva do tema – neste caso, da iniciação à Filosofia – e do interesse a despertar através da sua leitura: «Como o apresentaria Sócrates ao estudo da Filosofia? Provavelmente como faz este livro. Trata-se de uma obra deliciosamente provocadora que o ajuda a entender a filosofia como a entendiam os grandes filósofos: uma actividade feita de questionamento e raciocínio, e não apenas um conjunto de informações. Em 14 capítulos cheios de vivacidade, aprenderá a evitar as respostas fáceis e será conduzido ao mundo fascinante do pensamento filosófico. Serão examinadas algumas das questões fundamentais». De facto, na qualidade de leitores, corroboramos da ideia que nos fica da abordagem frontal das perguntas, permitindo-nos através dela explorar os modos como elas (as perguntas) nos afectam: Deus existe?; Porque existe o Universo?; O que é o eu?; Qual o significado da vida?; Que é a morte?; Dispomos de livre-arbítrio?; Que é o conhecimento?; Que significa a moral?, etc. As respostas preconcebidas são abandonadas logo à partida, face à aprendizagem no pensar de forma crítica “nas ideias filosóficas que podem transformar a sua vida” – cit. sinopse.
Quase que arriscaríamos em dizer, mais por dedução que por intuição, que se trata de um livro interessante para quem se pretende iniciar na actividade da Filosofia.



[1] Daniel Kolak é professor na Universidade de New Jersey e Raymond Martin na Universidade de Maryland. Ambos são autores de uma outra obra: «The Experience of Philosophy».
[2]  Segundo os autores, o problema é que cada um de nós «ficou dependente de um complexo sistema entrelaçado de respostas metafísicas acerca do eu, do conhecimento, da realidade, dos valores e do sentido» - cit. p. 13.

segunda-feira, 16 de outubro de 2017

Dr. MANUEL RODRIGUES DE FREITAS: Um empresário que pugnava pela Arte e pelas causas justas, deixou-nos!



Falar do Dr. Manuel Rodrigues de Freitas torna-se extremamente fácil dado que, dele temos a melhor das impressões. Sempre o vimos como um homem transparente, de grande carácter e incondicionalmente vianense, apesar da sua natalidade aveirense. Mais de que muitos por aí “paridos”, principalmente aqueles que “escarafunchosamente” teimam em dar sinal negativo daquilo que os outros – não sendo de cá – anseiam e afirmam ser positivo, o Dr. Freitas (como carinhosamente o tratamos) ama a nossa terra como fosse sua, mostrando-se e cultivando-se empreendedor, solidário e acérrimo defensor dos nossos valores culturais. É daqueles que quando sente alguma animosidade por parte dos outros prefere afastar-se que alimentar desnecessárias questiúnculas, tão em voga na nossa praça. Apesar de ter andado pela política nunca o sentimos ser político, quando tomamos em conta o exemplo de muitos daqueles que se dizem e se afirmam como tal. A nosso ver, a personalidade do Dr. Freitas molda-se bem à máxima de Vauvenarques quando dia afirmou que «uma viva inteligência de nada serve se não estiver ao serviço de um carácter justo; um relógio não é perfeito quando trabalha rápido, mas sim quando trabalha certo». E é nesta certeza que nos relacionamos com este ilustre aveirense.


Manuel Rodrigues de Freitas, filho de agricultores, nasceu na freguesia de Requeixo, concelho de Aveiro, a 23 de Dezembro de 1940. Depois de frequentar o ensino primário na sua terra natal, completou o ensino liceal em Tondela, Viseu. Em 1960 ingressou na Faculdade de Economia do Porto até que, em 1963, foi compulsivamente alistado para a guerra no ultramar, onde esteve dois anos e meio, como Chefe de Contabilidade e Inspector de Contabilidade do Agrupamento de Engenharia de Moçambique, onde foi distinguido com todos os louvores possíveis. Iniciou o serviço militar como Alferes e terminou como Tenente. De regresso à Faculdade, acabou por se licenciar em 1968. No entanto, antes da licenciatura foi Professor na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo e Inspector do Banco Pinto de Magalhães do Porto.
Por motivos familiares regressou a Viana do Castelo para gerir a Ourivesaria Freitas (fundada por seu tio Joaquim Simões de Freitas), continuando a dar aulas na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo, até Junho de 1974. Em finais desse mesmo ano, ingressa no então Partido Popular Democrático (PPD), onde se torna um dos seus fundadores, em Viana do Castelo. Foi presidente da Comissão Política Distrital desse mesmo partido durante vários anos, principalmente durante o atribulado período revolucionário; primeiro presidente da Assembleia Municipal de Viana do Castelo, tendo sido eleito numa segunda eleição, por unanimidade. Infelizmente, não chegou a concluir o mandato, por desinteligências com a política local. Para além disso, o Dr. Manuel Freitas foi mandatário distrital na primeira candidatura do General Ramalho Eanes à Presidência da República e na do Professor Diogo Freitas de Amaral. Por volta de 1980, chegou a afastar-se da actividade política (aparecendo esporadicamente como suplente nas listas de candidatos pelo PPD/PSD), sem que antes tenha sido, também, Conselheiro Nacional do PPD e Conselheiro do Governo Civil de Viana do Castelo.
No currículo deste ilustre vianense – ainda que aveirense por nascimento – temos ainda a presidência da Mesa da «Santa Casa da Misericórdia», durante vários anos; Presidente da Assembleia Geral da «Associação Comercial (hoje, Associação Empresarial) de Viana do Castelo»; Fundador e sócio n.º 1 do «Surf Clube de Viana do Castelo» e Presidente da Assembleia Geral; Presidente do Conselho Fiscal da «Associação Distrital de Judo»; Fundador e membro da direcção do «Clube de Economistas do Alto Minho», do «Forum Vianense» e dos «Amigos de Santa Luzia»; e, Membro da «ALAAR» (Associação Limiana dos Amigos dos Animais Abandonados).
Escreveu o livro «Filigranas Portuguesas» e, de parceria com Amadeu Costa, «Ouro Popular Português». É colaborador em várias revistas portuguesas da especialidade e, habitualmente, tem feito exposições em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente na Delegação da Secretaria de Estado da Cultura, no Porto; Museu do Traje e Municipal de Viana do Castelo; Trear – Alemanha; Gotemburgo – Suécia; e, Bulle – Suiça. As exposições no estrangeiro têm sido todas subordinadas ao tema «TRAJAR E OURAR» e foram sempre patrocinadas pela Secretaria de Estado das Comunidades Portuguesas.
Finalmente, o Dr. Manuel Rodrigues de Freitas tem feito inúmeras palestras em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente para Clubes de Rotários e Lyons em várias partes do País; no Museu Municipal e do Traje de Viana do Castelo; às esposas do Corpo Diplomático Credenciado em Portugal; no «Museu Nacional de Lamego»; Delegação do Norte da «Secretaria de Estado da Cultura»; «Museu Nacional do Traje»; «Casa do Minho» no Rio de Janeiro; «Estufa Fria», em Lisboa; «Universidade de Trear» na Alemanha; «Instituto Politécnico de Viana do Castelo», várias escolas, etc.
A «Ourivesaria Freitas», da qual é proprietário e gerente, obteve o primeiro lugar a nível nacional, depois de observada por especialistas da revista «Proteste» dentre as muitas ourivesarias espalhadas de norte a sul do País.
Face à sua relutância em nos ceder alguns dos dados biográficos – já que muitos deles possuímos no nosso arquivo particular –, o que por certo não espelharão a verdadeira dimensão da personalidade do bom amigo e empresário de sucesso Dr. Manuel Rodrigues de Freitas, aqui fica o «Retrato de Memória» possível!
O Dr. Manuel Freitas desencarnou no dia 15 de Outubro de 2017. 


(In, A Aurora do Lima, Ano 150, N.º 32, Sexta-feira, 6 de Maio de 2005)

terça-feira, 5 de setembro de 2017

PONTE DE LIMA HÁ CEM ANOS …NO CENTENÁRIO DA MORTE DO CONDE DE SANTA EULÁLIA!

Estamos em Maio 1917, e tal como acontecia um pouco por todo o país e por terras de França, em Ponte de Lima, os acontecimentos da Grande Guerra iam-se sucedendo como um turbilhão em volta de um abismo. A imprensa alemã dá conta da preocupação da série de fracassos que vem sofrendo o seu exército na campanha da primavera no ocidente, acerca de cujos êxitos se tinham concebido em todo o império as mais belas esperanças. Na altura, não havia um único crítico militar alemão que não reconhecesse a grande superioridade dos aliados tanto em material de guerra como em força numérica das tropas de ofensiva. Contudo, a “guerra infame”, como os jornais a classificavam, ainda estava longe de ser resolvida.
É precisamente neste período primaveril, flagelado pela guerra, que os jornais regionais do Alto Minho[1] dão conta do passamento do escultor limiano Aleixo de Queiroz Ribeiro, Conde de Santa Eulália:  

Na egreja de Refojos, concelho de Ponte do Lima, realisou-se na quarta-feira o funeral do sr. conde de Santa Eulalia, assistindo grande numero de pessoas de categoria social.
Em differentes turnos pegaram ás toalhas do féretro os srs. dr. Agostinho A. Figueiredo Lobo e Silva, dr. Gaspar Malheiro Pereira Peixoto, João Teixeira de Queiroz e Vasconcellos, dr. Francisco Teixeira de Queiroz, dr. Francisco Lacerda, José Candido da Silva Ramalho, Francisco Antonio do Valle, Antonio J. Cerqueira de Souza, João de Brito Lima, Gonçalo de Abreu Coutinho, Antonio de Abreu Calheiros de Noronha Pereira Coutinho (Paço de Victorino), dr. Francisco de Magalhães, Gaspar Castro, Antonio Costa Pereira Lacerda.
A chave da urna foi entregue ao snr. dr. Antonio Homem da Silveira Sampaio e Mello.
Entre as varias corôas e bouquets depostas no ataúde destacava-se um lindo ramo de flôres das exmas. filhas do sr. dr. Antonio Homem da Silveira Sampaio e Mello.
Este respeitável cavalheiro, suffragando a alma do finado mandou distribuir 20$000 réis pelos seguintes estabelecimentos de beneficencia de Ponte do Lima: Asylo Camões e Associação de Caridade 7$000 a cada, e Asylo D. Maria Pia 6$000[2].


Após uma longa e torturante enfermidade, torturado “há cerca de três meses por uma doença incurável”[3], faleceu a 6 de Maio de 1917, com quarenta e nove anos de idade, na sua quinta de Refóios do Lima, Aleixo de Queiroz Ribeiro de Sotto-Mayor d’Almeida e Vasconcelos[4], Conde de Santa Eulália. «Reza a lenda que o seu cão apareceu morto, na madrugada seguinte, à porta do quarto onde o corpo jazia em câmara ardente. O enterro teve lugar a 10 de Maio, no cemitério de Refojos do Lima e, segundo os jornais da época, a ele assistiram mais de oitenta eclesiásticos, bem como um grande número de pessoas oriundas de Ponte de Lima, de Viana, dos Arcos de Valdevez e de Ponte da Barca, no que foi considerado pelo Jornal de Vianna uma “eloquente manifestação de saudade prestada à memória de tão ínclito cidadão”».[5]
Dando conta da sua morte, os jornais regionais penalizavam-se por este triste acontecimento e lamentavam o desaparecimento do homem que, o sucumbindo em idade ainda não avançada, teve uma vida agitada, invulgar, entretecida de incidentes originais e de lances de larga notoriedade.
Sem querermos fazer deste pequeno apontamento um trabalho exaustivo, e porque tal “atrevimento” não se configuraria (ou ajustaria) ao propósito desta publicação “anunciadora” das Feiras Novas, apenas referiremos algumas notas, muito curtas, dadas à estampa pelos jornais regionais, quando salientam que Aleixo de Queiroz Ribeiro, ainda muito moço, sentindo em si uma vocação irresistível, dedicou-se apaixonadamente à escultura. Com leves noções desta arte maravilhosa produziu desde logo alguns trabalhos que surpreenderam pelo mérito da modelação e pela firmeza e arte bem cuidada do cinzel. “Que nos lembre”[6], a sua primeira revelação de artista, após alguns trabalhos preliminares, foi nesta cidade (Viana do Castelo) a feitura em gesso do busto de Luiz Pinto de Mesquita Carvalho, então coronel de Infantaria, que morreu general reformado. Depois disso, Aleixo de Queiroz Ribeiro retirou para Paris, onde frequentou a Escola de Belas Artes. Ali produziu trabalhos que sobre ele chamaram imediatamente a atenção dos meios artísticos.
Entre esses trabalhos destacaram-se um busto de um imperador romano e o medalhão em bronze do imperador Menelik, da Abissínia, que pessoalmente foi oferecer ao Negus então triunfante pela sua retumbante vitória sobre os exércitos italianos[7].
Regressado a Portugal fez, gratuitamente, e por apreço pela cidade de Viana do Castelo, a estátua de bronze, representando o Coração de Jesus, que ali se ergueu em modesto pedestal no alto de Santa Luzia. E da obra, com laivos dos trabalhos do ilustre Rodin, especialmente ao semblante da imagem, que é deveras notável, foi na altura muito discutida pelos críticos provocando grandes controvérsias quando esteve exposta e Lisboa antes de ser expedida para Viana do Castelo.
Depois entrou no concurso para o monumento ao grande homem da ciência Dr. Souza Martins e o seu projecto foi adoptado unanimemente pelo júri.
Executado o trabalho, foi inaugurada solenemente a estátua. Mais tarde, após uma série de críticas percucientes e duma guerra a outrance, que para ser justa deveria ter sido muito antes, a estátua foi condenada e demolida, sendo substituída pela que actualmente se ergue no mesmo local.
Desgostoso com este facto Aleixo de Queiroz Ribeiro resolveu sair do país e, em 1902, foi para os Estados Unidos da América, para trabalhar na exposição de St. Louis Missouri, realizada em 1904. Em 1905 foi nomeado cônsul de Portugal em Chicago e em 3 de Setembro de 1908 foi-lhe atribuído pelo Rei D. Manuel II o título de Conde de Santa Eulália. Ali continuou o trabalho, mas o seu casamento com uma senhora americana, Sarah Elizabeth Stetson, viúva do multimilionário e filantropo John B. Stetson, dono da maior fábrica de chapéus do mundo, a Stetson Hats & Company, distinta e respeitável, possuidora de uma enorme fortuna, distraiu-o da arte, que ele abandonou por completo, vindo então muitas vezes a Portugal, onde adquiriu vastas propriedades, dedicando-se afanosamente à lavoura, e à criação e mantença duma caudelaria, onde por vezes teve magníficos e custosos exemplares. A energia do seu temperamento e um tal ou qual desequilíbrio mórbido das suas faculdades, que eram notáveis, deram uma vida tempestuosa a este homem que poderia gozar uma existência despreocupada e feliz, invejável sobre todos os pontos de vista.

Assim morreu ainda novo, quase isolado numa aldeia, longe da sua respeitabilíssima esposa, que a estas horas, segundo nos consta, vem em viagem da América, de onde saiu, apesar dos enormes riscos da viagem, para vir acompanhar o marido na sua doença, logo que dela teve notícia.
Como se vê, por isto que aí deixamos escrito muito à pressa, morreu alguém, um homem que não era vulgar nem banal, um artista notável e um cidadão que para os seus compatriotas teve sempre carinhos e prelecções especiais, e tanto que podendo na América, em plena opulência e sem cuidados, no egoísmo que tantos teriam, veio encerrar-se na linda região que lhe foi berço e onde agora caiu prostrado pela morte, depois de uma longa e trabalhosa agonia[8].

Segundo José Luís Branco, Aleixo de Queiroz Ribeiro foi sepultado no centro do cemitério da freguesia de Refoios, donde foi trasladado para a sepultura do antigo feitor da Casa da Boavista, aí por 1989.
Em fins de Julho de 1998, procedeu-se a uma terceira trasladação para nova sepultura, adquirida pelos familiares que, vindos de diversas partes do País e dos Estados Unidos da América, se juntaram para lhe prestarem sentida homenagem póstuma, em que o pároco da freguesia, Mons. José Ribeiro, também esteve presente[9].
A sepultura térrea está coberta por uma laje, onde se salienta uma cruz da mesma peça com uma configuração singular e, à sua cabeceira, pode ler-se, gravada numa lápide, a seguinte legenda:

   N      +      F

1868         1917

HOMENAGEM PÓSTUMA
A ALEIXO DE QUEIROZ RIBEIRO
DE SOTTO MAYOR D’ALMEIDA VAS
CONCELOS, CONDE DE SANTA + …
EULALIA, NOTAVEL ESCULTOR E
DIPLOMATA, FEITA EM REFOIOS DO
LIMA EM 1998 PELOS SEUS FAMI
LIARES DAS CASAS DA BOAVISTA
ONDE NASCEU, DA GLORIA ONDE
VIVEU, DE BOA VIAGEM, COUTADA
DO CRUZEIRO, DA LOUREIRA, E DE
CA, BURGO BOSTON (U.S.A,) CA BOCO

Um facto curioso a registar é-nos revelado pela “pena” do nosso prezado amigo Amândio Sousa Vieira, a propósito das excentricidades de Aleixo de Queiroz Ribeiro, tendo por base uma pequena notícia inserida no jornal “O Commercio do Lima”, dando conta da festa de casamento do Conde de Santa Eulália, em 1908, da qual reproduzimos um pequeno excerto: …Barcos vistosamente embandeirados sulcavam as águas serenas do rio, transportando, de uma para a outra margem, alegres ranchos de raparigas das aldeias próximas, domingueiramente vestidas, que vinham trazer à festa a nota alegre e vibrante das suas danças e cantares… / Às quatro horas da tarde, no seu tirado por uma magnífica parelha de raça Alter, chegaram os Senhores Condes de Santa Eulália. Neste momento a excelente banda de S. Martinho da Gandra, que estacionava no cais, tocou o Hino Nacional… num barco instalou-se a banda de música e enche-se ainda outro com a alegre tripulação das graciosas cantadeiras.[10]
 Para terminarmos, anotemos algumas curiosidades registadas por Manuel de Queiroz, arquitecto e sobrinho-neto de Aleixo de Queiroz Ribeiro: A compra da Quinta da Glória, que então passou a designar-se como Paço da Glória, ocorreu em 1909, um ano depois do casamento, tendo a casa sido toda restaurada por Aleixo de Queiroz Ribeiro para aí receber condignamente a sua mulher sempre que vinha a Portugal, o que aconteceu por diversas vezes, quer antes quer depois da morte do marido, ocorrida em 1917. Elizabeth tinha dois filhos do seu primeiro casamento, os quais, após a morte dela, em 1929[11], herdaram as suas propriedades em Portugal, John Stetson o Mosteiro de Refóios e G. Henry o Paço da Glória. Este último, no entanto, desinteressou-se por completo da propriedade, deixando de pagar os impostos devidos, pelo que esta acabou por ir a hasta pública, tendo sido arrematada em 1937 por William Pitt. Outro facto curioso é que, também revelado pelo nosso particular amigo e arquitecto Manuel de Queiroz, em 1922, John Stetson Júnior, filho mais velho de Elizabeth, doou à Biblioteca da Universidade de Harvard, onde fez os seus estudos, um acervo de cerca de nove mil livros em português, em memória do padrasto, Conde de Santa Eulália, completado com novas doações durante os anos que se seguiram, o qual ainda hoje está disponível naquela biblioteca para consulta[12].
Infelizmente, e ainda segundo o arquitecto Manuel de Queiroz, não chegaram até nós quaisquer escritos, memórias ou textos da autoria de Queiroz Ribeiro que nos ajudassem a perceber melhor o seu pensamento, as suas motivações, ou as suas opiniões sobre a arte e a realidade do seu tempo. Apenas aparecem alguns postais e cartas, nos quais revela um apurado senso de humor, e um artigo publicado num jornal de Lisboa[13].  
Resta-nos lamentar, num lamento apenas construtivo, que esta data memorável tenha passado despercebida às gentes da nossa terra. E aqui referimo-nos aos que bebem da ancestralidade e das águas do Lima. Este ano, a não haver tempo para fazer algo, condigno e à dimensão deste ilustríssimo escultor, que a memória nos ilumine para 2018, altura em que se comemorará o 150.º Aniversário do seu nascimento!

BIBLIOGRAFIA:

– A AURORA DO LIMA (Decano dos jornaes do Minho). Viana do Castelo, 1917.
– BRANCO, José Luís – Aleixo Queiroz Ribeiro: autor da estátua de bronze do Sagrado Coração de Jesus, em Santa Luzia, Viana do Castelo. Viana do Castelo: Confraria de Santa Luzia, 1999.
– QUEIROZ, Manuel de – Os Passos da Glória. Lisboa: Bertrand Editora, 2008.
– “Aleixo de Queiroz Ribeiro: Conde de Santa Eulália: Escultor Laureado”. In, Figuras Limianas. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima, 2007, p. 296-300.  
– VIEIRA, Amândio Amorim de Sousa – P’ra que Viva Ponte de Lima! – Terra de Tradições. Ponte de Lima: Município de Ponte de Lima, 2017.

(In, «O Anunciador das Feiras Novas», Ano XXXIV, N.º 34, 2017, p. 65-69)


[1] Nomeadamente A Aurora do Lima, Cardeal Saraiva e Jornal de Vianna.
[2] Cit. A Aurora do Lima, 62.º anno, n.º 9002, Terça-feira, 15 de Maio de 1917.
[3]  José Luís Branco aponta a causa da morte, associando-a ao facto de ter sido vitimado por um acidente ocorrido com um carro de cavalos (In, Aleixo Queiroz Ribeiro: Autor da Estátua de bronze do Sagrado Coração de Jesus, em Santa Luzia, Viana do Castelo, p. 13). Por outro lado, Manuel de Queiroz, sobrinho-neto de Aleixo de Queiroz Ribeiro, refere o seguinte: Em Abril de 1916, sofre um grave acidente num carro de cavalos. Morre a 6 de Maio de 1917, no Mosteiro de Refoios, mas ao contrário do que referem vários autores, tudo indica que a sua morte não terá sido causada pelos ferimentos sofridos neste acidente e sim por doença do foro oncológico (In, Figuras Limianas, p. 300).
[4] Filho de Gaspar de Queiroz Botelho d’Almeida e Vasconcelos, Fidalgo Cavaleiro da Casa Real, e de Mariana Cláudia de Ribeiro de Sotto-Mayor Pereira Pinto de Morais Sarmento, da Casa de Santa Eulália de Seia, nasceu na Casa da Boavista, situada entre as freguesias de S. Maria Madalena de Jolda, Arcos de Valdevez, e Refóios do Lima, Ponte de Lima, a 18 de Abril de 1868.
[5] QUEIROZ, Manuel de – Os Passos da Glória, p. 487.
[6] Expressão utilizada pelo jornal A Aurora do Lima, para de imediato descrever algumas notas sobre o percurso de Aleixo de Queiroz Ribeiro, o que leva a cometer algumas imprecisões, felizmente colmatadas, nos anos 90, pelo rigor científico do seu sobrinho-neto Manuel de Queiroz, com a publicação do “Passos da Glória” (romance) e uma Exposição, em Viana do Castelo (11 de Julho a 30 de Outubro de 2009), no Museu de Arte e Arqueologia, com o título «Aleixo de Queiroz Ribeiro (1868-1917): Entre a Europa e a América, um percurso controverso e singular». O nome de Aleixo de Queiroz Ribeiro está contemplado na toponímia vianense.
[7] Cf. QUEIROZ, Manuel de – Os Passos da Glória, p. 41. No que concerne à obra de Aleixo de Queiroz Ribeiro, Manuel de Queiroz refere que “pese embora a dedicação e a investigação de familiares e os vários esforços para as localizar, não deixa de ser impressionante o número de obras de QR que se encontram perdidas. Das trinta e cinco conhecidas, apenas se sabe do paradeiro de quinze, e assim se torna difícil a apreciação global da sua obra (…)” – citamos.
[8] Cit. A Aurora do Lima, 62.º anno, n.º 9000, Terça-feira, 8 de Maio de 1917.
[9] Cit. BRANCO, José Luís – Aleixo Queiroz Ribeiro: autor da estátua de bronze do Sagrado Coração de Jesus, em Santa Luzia, Viana do Castelo, p. 13.
[10] VIEIRA, Amândio Amorim de Sousa – P’ra que Viva Ponte de Lima! – Terra de Tradições, p. 224.
[11] “Elizabeth morreu em 1929, vítima de gripe pneumónica, quando visitava o filho mais novo, G. Henry, na sua propriedade Sombrero Rancho, em Pasadena, Califórnia.” – Cit. QUEIROZ, Manuel de – Os Passos da Glória, p. 488.
[12] Ob. cit., p. 487-488.
[13] Cf. QUEIROZ, Manuel de – “Aleixo de Queiroz Ribeiro: uma vida agitada, invulgar, não raro entretecida de acidentes originais e lances de grande notoriedade…”. In, Catálogo da Exposição Aleixo de Queiroz Ribeiro (1868-1917): Entre a Europa e a América, um percurso controverso e singular, p. 13.