Entre gritos e silêncios dos Outdoors da Cidade. Ao caminharmos pelas ruas da cidade, erguem-se diante de nós os grandes outdoors – gigantes silenciosos que falam alto. Uns nos gritam ofensas disfarçadas de promessas; outros, quase sussurrando, nos convocam à humanidade. São expressões do nosso tempo, e como tais, refletem mais do que anunciam: revelam.
Os outdoors políticos, em
especial os que se especializam em ataques, se tornam espelhos distorcidos de
uma sociedade viciada em disputa. Ali não há convite ao diálogo, mas sim
trincheiras levantadas com tinta e papel. Sua utilidade prática é, talvez,
mover o eleitor pelo medo ou pela raiva, emoções que, embora intensas, são
passageiras e facilmente manipuláveis. Psicologicamente, esses outdoors
alimentam a polarização, reforçam muros internos e externos, deixando pouco
espaço para a reflexão serena.
Em contraste, à sombra de
um hospital, repousa um outro tipo de apelo: «Dar sangue é ser ainda mais
solidário». Não há ataque, não há rival. Há apenas um convite à empatia. Sua
utilidade prática é evidente – salvar vidas. Mas é na esfera psicológica que
sua força é mais profunda. Ele não nos coloca contra o outro; nos coloca “com”
o outro. Em vez de acender a chama do conflito, acende a da compaixão.
A diferença, portanto,
não é apenas de conteúdo, mas de direção: enquanto os outdoors políticos
agressivos empurram o olhar para fora, procurando um inimigo, o apelo solidário
nos faz olhar para dentro, buscando um sentido de vida. Um convida-nos à guerra
simbólica; o outro, à paz concreta.

