Revista «Círculo de Leitores», Edição
n.º 240, p. 21, para todos os amigos e sócios do CL, a novidade há muito
esperada, A RESIGNAÇÃO de Luís Miguel Rocha, Porfírio Pereira da Silva e Rui
Sequeira.
Era
a história que Luís Miguel Rocha escrevia quando em 26 de Março de 2015 partiu.
Para dar sequência à história, a família convidou dois escritores seus amigos
que, com base nas notas que Luís deixou, elaboraram o desfecho do romance (sic).
Apareçam com o livro e estaremos prontos
para o respectivo autógrafo. Pelo Luís Miguel Rocha e por todos nós,
incondicionalmente, estaremos à vossa disposição!
Em
dezembro de 2012, Bento XVI recebeu de uma comissão de cardeais um relatório de
300 páginas sobre o mediático caso “Vatileaks”. Dois meses depois, no dia 11 de
fevereiro de 2013, evocando razões de saúde, e ciente da gravidade da sua
decisão, o Papa anunciou ao mundo que resignaria ao trono de São Pedro. Não se
sentia capaz, física e espiritualmente, para continuar a exercer o cargo.
Que
segredos comprometedores guarda o extenso relatório? A resignação terá
acontecido por razões de saúde, como o Bento XVI anunciou, ou por pressões
políticas que jamais serão tornadas públicas? Os mistérios de tão inesperada
decisão serão agora revelados.
Esperei ansiosamente este livro quando foi
anunciada a sua próxima edição e fiquei imensamente triste quando faleceu o
autor e a sua editora o cancelou. Quando foi anunciado que, afinal, foi
concluído com a participação de dois escritores e amigos do Luís, voltou-me a
esperança.
Não sei em que ponto estava o manuscrito do
livro "A Resignação", quando, infelizmente, o autor nos deixou.
Provavelmente, estava muito atrasado, porque, na minha opinião, tem
substanciais diferenças em relação aos anteriores. Mantém-se a fórmula que fez
o sucesso das outras obras, mas nota-se a intervenção do dedo alheio, além de
que a história é muito simples e pouco traz de verdadeiramente inesperado, a
não ser o destino final do sempre adiado amor entre Rafael e Sarah. Será que é agora
que o duro, inflexível e fiel à sua missão de justiceiro do Papa vai ceder à
sua atração pela bela jornalista que o ama profundamente? Só saberá no final do
livro.
Tudo começa por alturas do Natal, quando
Bento XVI recebe o relatório que encomendou, com a finalidade de saber o que
havia de verdade nos boatos que circulavam sobre 3 temas candentes que estavam
a ameaçar a credibilidade da Igreja Católica. Esse relatório seria de tal modo
demolidor que o Papa, mais dotado para a gestão das coisas do Céu do que as da
gestão das coisas terrenas, não aguentou a pressão e só encontrou uma saída:
resignar e deixar espaço para alguém com outro perfil, que fosse capaz de
"meter alguma ordem na casa", neste caso a Casa de Deus na Terra. O
romance abrange os 2 meses desde essa data até ao anúncio da renúncia em 11 de
fevereiro de 2013.
O(s) autor(es) apresenta as forças em
confronto: os que querem manter o statu quo a todo o custo e por todos os meios (mesmo todos) e os que querem a
renovação também a todo o custo e por todos os meios. Aqui há alguma novidade,
ao ser-nos apresentada uma Organização até agora desconhecida que enfrenta os
"sodanistas" e vai ganhar finalmente, ao conseguir a eleição do
cardeal jesuíta, que tinha falhado em 2005.
O livro está dividido em três partes, cada
uma com o título de uma das encíclicas de Bento XVI, o que achei interessante e
de que talvez os leitores menos informados não se deem conta ou se interroguem
do significado daqueles títulos em latim.
Penso que talvez o Luís (é uma especulação
minha) tenha pensado em escrever este livro como o seu testamento, por calcular
que o seu fim estaria próximo. Só assim se justifica o atar de algumas pontas
que sempre manteve soltas nos livros anteriores, como sendo um final deliberado
para a sua produção literária. É o caso da relação entre Sarah, o seu pai
português, o enigmático JC e uma misteriosa e temperamental violinista, de seu
nome Astrid, que adorava Tolstoi.
Agradeço pessoalmente à Porto Editora e ao
seu corpo editorial, assim como aos escritores convidados para terminar o
livro, por terem proporcionado aos fiéis leitores de Luís Miguel Rocha a
possibilidade de fazerem, também eles, a sua despedida deste grande escritor
português que tão prematuramente nos foi levado.
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