quinta-feira, 21 de abril de 2016

«O teu rosto será o último» e «Um Postal de Detroit» em João Ricardo Pedro!

Na altura que, pela primeira vez, conhecemos o João Ricardo Pedro, "curricularmente" apresentava-se como casado com uma economista, pai de um casalinho, nascido na Reboleira, Amadora, em 18 de Agosto de 1973. Revela-se curioso acerca da força de Lorentz, e, daí ter-se licenciado em Engenharia Eletrotécnica pelo Instituto Superior Técnico. Durante mais de uma década, trabalhou em telecomunicações sem, no entanto, alguma vez ter aplicado as admiráveis equações de Maxwell. Na primavera de 2009, em consequência do carácter caprichoso dos mercados, achou-se com mais tempo do que aquele de que necessitava para cumprir as obrigações do quotidiano. Num acesso de pragmatismo, começou a escrever. Um facto curioso é que João Ricardo Pedro chegou a confessar que nunca fora bom aluno a Português nem a nenhuma disciplina da área das Letras: – Era um bom aluno a Matemática e ao resto passava sempre à rasca!... – disse-o na altura, quando estivemos «À conversa com…», naquela noite de sexta-feira, 28 de Setembro de 2012, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo.


A partir de 2009, ao tempo em que deixou de trabalhar numa empresa de telecomunicações em Sintra (vítima de despedimento colectivo), nunca mais quis trabalhar em engenharia. «O Teu Rosto Será o Último», Prémio Leya 2011, foi o seu romance de estreia, aquele que serviu de mote para dois dedos de conversa na Sala Couto Viana. João Ricardo escreveu o livro em 2009, quando ficou desempregado, sendo que, segundo ele, este Prémio servir-lhe-ia como grande incentivo para continuar a escrever e que já tinha novas ideias. O romance relata a história de uma criança nascida em Portugal no período da Revolução do 25 de Abril e segue o seu percurso até aos 17 anos, acompanhada pela família, da qual herdou traumas da ditadura e que se reflectem no filho. Questionado sobre se o livro reflectia uma experiência pessoal do autor, João Ricardo Pedro declinou tal eventualidade: “Há algumas semelhanças, mas não é uma autobiografia”.
 «O Teu Rosto Será o Último», no ano em que foi premiado, chegou a ser um dos livros mais vendidos. Traduzida em cerca de dez línguas, incluindo chinês e árabe, a obra alcançou o sucesso também fora de portas, especialmente em França – onde foi recomendada pelos livreiros e a imprensa não lhe poupou elogios, referindo o autor como a nova estrela da galáxia portuguesa – e em Itália, onde foi finalista do prémio Sindab-Città di Bari. Tem sido convidado para numerosos encontros literários em Portugal e no estrangeiro.


Em 21 de Fevereiro de 2014, voltamos a encontrá-lo nas Correntes d’Escritas, deambulando pelo mote de «A ficção nos livros é corrente da verdade!», emparceirando com Michel Laub, Isabel Lucas, Ana Margarida Carvalho e António Mota, profícuo e conclusivo debate onde a história se nos apareceu como uma visão colectiva do individual e a verdade ficcional é uma forma de percepção pessoal. Na altura, revemo-nos na condição do “bom leitor é aquele que tem uma boa abertura de espírito”.  
Depois de alguns contos publicados em revistas e jornais, João Ricardo Pedro presenteia-nos com «Um Postal de Detroit», seu segundo romance, nossa leitura de circunstância presente. João Ricardo Pedro regressa assim à ficção com um romance delirante e avassalador sobre a ténue fronteira que existe entre sanidade e loucura e os laços perturbadores que tantas vezes unem a vida à arte: Em Setembro de 1985 dá-se um choque frontal de comboios em Alcafache. Algumas das vítimas mortais, presas nas carruagens a arder, nunca chegam a ser identificadas. No dia seguinte, a mãe de Marta recebe um inesperado telefonema informando que a mochila da filha – estudante de Belas-Artes – apareceu entre os destroços. Partindo dos cadernos de desenho de Marta – uma espécie de diários visuais que espelham um quotidiano tão depressa sórdido como maravilhoso – o narrador deste romance tenta recriar os passos da irmã nos tempos que antecederam o acidente… – podemos ler em sinopse.

Leitura que promete!

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