quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Dr. EDUARDO CALVET DE MAGALHÃES: A memória viva de um intelectual ao serviço das Artes!



Já lá vão duas dezenas de anos a esta parte que conhecemos pela primeira vez o Professor Calvet de Magalhães, como carinhosamente sempre o tratamos. É mais um daqueles cuja dimensão intelectual é proporcional à sua humildade, tendo em conta que a humildade é uma das principais – senão a principal – virtudes do verdadeiro «ente humano». Tudo que para além disto possa parecer “elevação” – fraseando Gautier – é como se julgar os homens pelas suas qualidades, e não pelo uso que sabem fazer delas. Foi na intimidade do poeta dos poetas, Fernando Pessoa, que o Dr. Calvet de Magalhães nos presenteou com dois dedos de conversa, em tempos de «Espaço Poético». Passados todos estes anos, nunca mais esquecemos a sua figura de intelectual delicado, solidário e fluentemente comunicativo. Encontramo-nos casualmente – se é que o “acaso” existe – há bem pouco tempo, numa das nossas “obrigações holísticas” e partilhamos um pouco dos nossos próprios passos, vivências paralelas na procura do universalismo. E é dele que hoje resolvemos fazer o «Retrato de Memória», porque conscientes da interacção da mente humana.


Eduardo de Sousa Calvet de Magalhães, nascido em 10 de Fevereiro de 1921, é licenciado em Desenho (com a média final de 18 valores) pelo Centro de Estudos Superiores Artísticos do C.T.P (Centro Técnico Profissional) – Alvará do Ministério da Educação, despacho do Ministro da Educação Nacional de 15 de Dezembro de 1955 sobre parecer favorável da 5.ª Secção da Junta Nacional de Educação; pós-graduado em Desenho Gráfico e Design Gráfico Editorial; 1.º ano do Master of Arts do Goldsmith College – Londres (GB); pós-graduado em Art and Design Education pela Universidade Monfort – Leicester (GB); e possui o doutoramento em Art and Design Education pela mesma Universidade de Monfort-Leicester (GB). Este professor do ensino superior, jubilado (dado não gostarmos do termo «aposentado»), é presentemente o Presidente da Direcção do Centro Holístico Internacional (CHI).
O percurso académico do Professor Eduardo Calvet de Magalhães passa pela docência (primeiro como docente assistente e depois como professor titular) no Centro Técnico Profissional, em Lisboa e no Porto, de 1955 a 1964; como professor provisório do 7.º Grupo da Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo (1975-1976); como professor encarregado da regência das disciplinas Sociologia da Alimentação e Educação Alimentar, de 1978 a 1986, no Curso Superior de Nutricionismo da Universidade do Porto; na Escola Superior de Belas Artes do Porto (1978-1986); professor de Técnicas de Comunicação, Técnicas de Impressão e Fotografia dos diferentes Cursos das Cooperativas de Ensino Árvore; professor regente da disciplina «Estudos Portugueses» dos Cursos de Mestrado da Faculdade de Ciências Políticas da Universidade de Santiago de Compostela (1997-1999); e pela  fundação de várias Cooperativas: Escola Superior Artística do Porto, Cooperativa de Ensino Artístico Polivalente Árvore (Porto), Escola Profissional de Ofícios Artísticos de Vila Nova de Cerveira e da Escola Superior Gallaecia, em Vila Nova de Cerveira.
Para além disso, no campo profissional ligado à publicidade e artes gráficas, o Professor Calvet de Magalhães revelou-se como Chefe de Secção de Publicidade e Artes Gráficas da «Ford Lusitana»– Lisboa; Chefe de Secção de Publicidade da «Shell Campany of Portugal» – Lisboa; Director Técnico do Sector Gráfico da «Fabwerke Hoechst» em Portugal; Director Técnico de «Jefigrafe» – Lisboa e Director Técnico, sucessivamente, das seguintes empresas gráficas: «Empresa do Bolhão»; «Litografia Vasco da Gama»; «La Artística» (Vigo – Espanha) e «Consórcio Industrial del Miño», em Vigo, Espanha. Toda a sua actividade no sector das Artes Gráficas vai de 1939 a 1973, donde se pode contar como paginador e orientador gráfico; gráfico-publicitário; dirigente; fundador, passando – como acima citamos – por Director Técnico e autor de vários artigos e manuais profissionais. Destacamos ainda, em 1966, a coluna semanal no «Jornal de Notícias», com o título «O Ensino como existência e como essência», que manteve durante dois anos, vindo a culminar a sua carreira neste sector como Director e Fundador da Empresa de Artes Gráficas, Consórcio Industrial do Miño – Vigo (Espanha), na base do espaço galego e português, mas é contrariado violentamente pelos franquistas e pela polícia política, ameaçado e finalmente preso em Novembro de 1973, com grande aparato e campanha caluniosa na Imprensa e mantido em sequestro até 4 de Maio de 1974, data que é libertado perto da fronteira francesa, sem julgamento, após acusação ridícula de financiar, através de Portugal, revolucionários bascos e catalães e de cumplicidade com o atentado a Carrero Blanco, Primeiro Ministro.
O Professor Calvet de Magalhães está ainda ligado à fundação dos jornais escolares «Gente Moça», «Gente Nova» e «Revelação». Fundou também, de parceria com Ernesto de Sousa, Jaime Cortesão Casimiro, Mário de Azevedo, Julião de Azevedo, Joel Serrão, Borges de Macedo e Rui Grácio, o jornal Universitário «Horizonte», por ocasião da primeira greve académica de 1942; e com Jaime Cortesão Casimiro, fundou a «Editorial Confluência», que veio a publicar a primeira antologia de Fernando Pessoa com o célebre prefácio de Adolfo Casais Monteiro, o que deu lugar a um vergonhoso processo da Polícia de Investigação Criminal, sendo a edição apreendida e, mais tarde, libertada por sentença da Relação de Lisboa. Nos domínios da banda desenhada, arte gráfica, ilustração e construção de armar, colabora nos jornais «O Senhor Doutor», «Tic-Tac» e «Mosquito» e, posteriormente, «O Pirilau», participando na Direcção do «Rim-Tim-Tim» com Oscar Pinto Lobo e «Diabrete» com Simões Muller. Participa no lançamento do «Diário Popular», com seu pai, e no diário desportivo «A Baliza», com seu irmão. Termina o Dicionário Trilingue de que seu pai é autor até à letra «P». Tomou parte e apresentou várias teses em congressos. Dentre as inúmeras exposições que efectuou, destacamos: Colectivo da Árvore, 1980; Bienal de Cerveira, Agosto de 1980; Exposição de Serigrafias da Árvore – Arco, Lisboa, Setembro de 1980; Exposição de Professores da ESBAP, Porto, 1982; Exposição de Serigrafias, em Monreal (Canadá), 1985, e Bruxelas, em 1986.
         Obras principais: «Manual Profissional de Artes Gráficas». Porto: Domingos Barreira Editor, 1956; «T.V.P. – Técnica de Vendas e Publicidade», em cooperação com os Professores Fernando Carvalho Costa e Manuel Calvet de Magalhães. Porto: Manuel Barreira Editor, 1.ª ed., 1958 e Didáctica Editora, 10.ª ed., 1982; «Técnicas de Impressão». Porto: Edição da Associação de Estudantes da 2.ª Secção da ESBAP, 1964 e 1978; «Fotografia». Porto: E.C.M., 1969; «O Expressionismo e a Arte Moderna»; e «Sena da Silva – 50 anos de ofícios».

R.I.P.  O Professor Eduardo Calvet de Magalhães, faleceu hoje, Quarta-feira, 4 de Janeiro de 2017. Até sempre Camarada e Amigo/Irmão!

(In, A Aurora do Lima (Viana do Castelo), Ano 150, n.º 25, Sexta-feira, 8 de Abril de 2005 - Retratos de Memória (L)) 

1 comentário:

  1. Estimado Sr Silva
    Podería confirmar se o Dr. Calvet licenciouse en Porto ou Lisboa?

    Eduardo de Sousa Calvet de Magalhães, nascido em 10 de Fevereiro de 1921, é licenciado em Desenho (com a média final de 18 valores) pelo Centro de Estudos Superiores Artísticos do C.T.P (Centro Técnico Profissional)"

    Obrigado

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