quarta-feira, 6 de abril de 2016

Das «Curiosidades do Vaticano» ao anunciado Prémio Literário Luís Miguel Rocha!...

«Luís Miguel Rocha prezava particularmente o contacto com os leitores e raramente recusava um convite para uma apresentação, uma palestra, uma sessão com o público. Respeitava cada opinião, cada comentário e fazia questão de responder a todas as perguntas sobre os seus livros e sobre o que se passava “para lá dos altos muros do Vaticano”…»

Nota do editor (Porto Editora)

Apesar da nossa aparente instabilidade cognitiva, de umas semanas a esta parte, sempre fomos acondicionando algumas energias para pudermos recordar o Luís Miguel Rocha, nas datas precisas do seu espaço temporal (1976-2015), porque sempre creditamos as nossas capacidades cognitivas de viajar no tempo, tornando-o intemporal.
O Luís Miguel (da Silva) Rocha, apesar de ter nascido na Maternidade Júlio Dinis, da cidade Invicta, em 14 de Fevereiro de 1976, veio para Mazarefes (Viana do Castelo) com apenas quinze dias de vida. Frequentou a escola primária local, sendo a sua professora a dona Maria Augusta Paulino, de quem guardava as mais gratas recordações. Depois passou dois anos lectivos na Frei Bartolomeu dos Mártires e três anos no Monte da Ola. Completou o secundário (Humanidades) no antigo Liceu de Viana, na altura, já denominado de Escola Secundária de Santa Maria Maior.

Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, 2016.03.05. Mesa de homenagem a Luís Miguel Rocha:Rui Couceiro (Porto Editora); Nuno Rocha (irmão e representante de Luís Miguel Rocha); Maria José Guerreiro (Município de Viana do Castelo) 

Aos 16 anos escreveu o primeiro capítulo daquele que viria a ser, anos mais tarde, o livro “Um País Encantado”. Aos 20 anos, Luís Miguel Rocha, estreou-se profissionalmente como operador de câmara numa produtora que assegurava a transmissão das missas dominicais na TVI, mas sempre garantiu que não foi esta experiência que lhe fez interessar tanto pelas conspirações religiosas que trata nos teus thrillers. Depois rumou a Londres onde exerceu funções como guionista, tradutor e, por fim, iniciou-se na actividade literária. Como a escrita foi sempre a sua paixão, decidiu recuperar 40 páginas que, como atrás referimos, havia produzido, depois de ter lido “Memorial do Convento”, de José Saramago, autor que tanto admirava e continua a admirar, agora que ambos estão na mesma dimensão extra-sensorial: A essência de um povo espremida com mãos de mestre, numa narração cruel, porém divertida, irónica, porém verdadeira, elegante, porém realista. Uma voz portuguesa que vai, com certeza, dar que falar. – escreveu Bernard Cornwell, um dos mais importantes escritores britânicos da actualidade, em 14 de Julho de 2005. Infelizmente, este seu romance passou praticamente despercebido.

Assistência atenta e comovida, vendo-se na primeira fila os pais, sobrinha e irmã de Luís Miguel Rocha.

Mas o seu sucesso internacional chegou, em 2006, com «O ÚLTIMO PAPA» que percorreu o mundo e o tornou no primeiro escritor português a ser bestseller do prestigiado Top do New York Times. Este thriller foca-se na estranha morte do Papa João Paulo I – o “Papa do Sorriso” –, morte envolta em mistério desde o primeiro minuto e o Vaticano nunca fez nada para clarear, sendo que o mesmo Papa, supostamente, terá sido assassinado porque iria substituir membros da Cúria Romana, que estavam envolvidos em negócios de lavagem de dinheiro, com a Loja Maçónica italiana P2 e outros órgãos internacionais, como a CIA. Partindo das evidências documentais sobre os estranhos acontecimentos que ocorreram na noite do falecimento do Papa, Luís Miguel Rocha, mescla ficção e realidade – como a lista de nomes que estava com João Paulo I antes de ele ser assassinado e que a personagem Sarah pretendeu desvendar o que havia por trás dela e qual a relação dessas pessoas com a morte do pontífice. Histórias paralelas se entrelaçam e trazem à luz muito do que ficou escondido nos porões do Vaticano.

Porfírio Silva e Nuno Loureiro dando voz a Luís Miguel Rocha.

Em 2007, seguiu-se o livro «BALA SANTA», onde se nos coloca várias interrogações: Que acontecimentos estiveram por detrás da tentativa de assassinato ao Papa na praça do Vaticano em 1981? Quem é, e o que sabia verdadeiramente o turco que disparou contra João Paulo II? Que forças ocultas gerem os destinos da igreja católica e conseguem nomear e destronar Papas, ocultando impunemente as suas acções? Em suma, o trama envolve uma jornalista internacional, um ex-militar português, um muçulmano que vê a Virgem Maria, um padre muito pouco ortodoxo que trabalha directamente sob as ordens do sumo-pontífice, vários agentes dos serviços secretos mais influentes do mundo e muitos outros personagens dos quatro cantos do globo, envolvem-se numa busca pela verdade e descobrem que ela nem sempre é útil. Pelo menos não o foi para João Paulo II. Em «BALA SANTA», as dúvidas sobre os factos se misturam com as respostas oferecidas pela sua imaginação (se é que se pode chamar imaginação). O resultado é uma trama hipnotizante, que faz pensar: será esta apenas uma obra de ficção?

Sala Couto Viana (BMVC) a abarrotar de gente, em memória de Luís Miguel Rocha. 

E para quem achava que a polémica acabava por aqui, em 2011, é editado «A MENTIRA SAGRADA», numa edição da “Porto Editora”, sendo que através deste seu romance pretendeu perpassar a história de Jesus, numa perspectiva histórica e não religiosa, baseada num manuscrito antigo, de um particular que lhe facultou o acesso: Será que Jesus foi mesmo crucificado? Terá tudo acontecido como a Bíblia descreve? Na noite da sua eleição para o Trono de São Pedro, o Papa Bento XVI, como todos os seus antecessores, tem de ler um documento antigo que esconde o segredo mais bem guardado da História – a Mentira Sagrada. Em Londres, um Evangelho misterioso na posse de um milionário israelita contém informações sobre esse segredo. Se cair nas mãos erradas pode revelar ao mundo uma verdade chocante. Rafael, um agente do Vaticano, é enviado para investigar o Evangelho e descobre algo que pode abalar não só a sua fé mas também os pilares da Igreja Católica. Com estes livros (BALA SANTA e A MENTIRA SAGRADA), Luís Miguel Rocha liderou também as tabelas de vendas no Reino Unido. Pelo meio, em 2009, republicou o primeiro livro com o título que sempre idealizou, chamado «A VIRGEM», na editora Mill Books, projecto que optou por criar, em 2008, mas que por circunstâncias várias não vingou.
       

         Em 2013, surge com «A FILHA DO PAPA», sexto livro na sua carreira, quarto na linha dos anteriores, onde se revela um profundo conhecedor sobre os meandros do Vaticano, lugar-comum onde se expressou na saga do fantástico e empolgante (como fazia questão de salientar), do princípio ao fim. De facto, em “A FILHA DO PAPA”, ficamos a conhecer os meandros do Vaticano, os possíveis segredos que são escondidos e todos os jogos de interesses que são feitos, em prol da beneficiação de alguém importante. É aí que reside o fascínio da sua criatividade literária: Até onde termina a realidade e começa a ficção? Nunca chegaremos a saber!... O que nos parece é que das suas mãos e da sua mente as insignificâncias ganham o cunho da perfeição, sem que a perfeição venha a cair nas malhas da insignificância. Daí, os seus livros, o mistério prende-nos do princípio ao fim. Daí, o próximo livro – e por sua promessa – ter por título «A RESIGNAÇÃO» – ele estará por aí –, seguimos-lhe os passos mas perdemos-lhe o rasto, fechando-se assim um ciclo sobre os meandros políticos do Vaticano. Para já, ficamos com as «CURIOSIDADES DO VATICANO» e, por proposta do Município de Viana do Castelo, na pessoa do seu presidente, José Maria Costa, anunciado o «Prémio Literário Luís Miguel Rocha», que, por certo, contará com o apoio da «Porto Editora». 
QUANTUM MUTATUS AB ILLO!

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

LUÍS FILIPE CASTRO MENDES E «OUTRO ULISSES REGRESSA A CASA»

Luís Filipe Castro Mendes, que conhecemos nas Corrente d'Escritas deste ano (2016), nasceu em 1950 e, ainda muito cedo, entre 1965 e 1967, foi colaborador do jornal Diário de Lisboa-Juvenil. Em 1974, licenciou-se em Direito pela Universidade de Lisboa e desenvolveu, a partir de 1975, uma carreira diplomática, tendo nomeadamente sido Cônsul Geral no Rio de Janeiro e depois Embaixador em Budapeste, Nova Deli e junto da UNESCO. É, neste momento, Embaixador de Portugal junto do Conselho da Europa, em Estrasburgo. Enquadrável numa estética pós-modernista, a sua obra revela um universo enigmático onde o fingimento e a sinceridade, o romântico e o clássico, a regra e o jogo conduzem às realizações mais lapidares e expressivas.


Integrando a Mesa 6 (10:00 do dia 26 de Fevereiro de 2016) dum painel subordinado ao mote «Escrever é ganhar e perder», secundado por Daniel Sánchez Pardos, Francisco Conduto de Pina (representado por Fernando Negrão) e Miguel Real, tendo como moderador Pedro Teixeira Neves, Luís Filipe Castro Mendes colocou em ênfase o perder, sempre que no ganho do viajar, cada vez que saímos desses países acaba-se por perder algo, amigos e lugares onde se foi feliz. Segundo Castro Mendes, a ideia da perda é muito forte na poesia, sendo que essa ideia está ligada à melancolia. A perda como irreversibilidade melancólica: Se eu não escrever perco muitas potencialidades - disse a dado momento. Referiu-se a Fernando Pessoa como um dos grandes desafiadores da nossa modernidade. O poeta é aquele que mais inspira do que é inspirado, e o seu ganho está nos leitores, sinal acrescido dessa sensação de ganho, quando tem alguém que o leia.


Pela 12 horas desse mesmo dia, na Sala de Actos do Cine-Teatro, seguiu-se o lançamento do seu livro de poesia «Outro Ulisses regressa a casa», numa edição da Assírio & Alvim (uma chancela da Porto Editora), Fevereiro de 2016, que, segundo o autor, é um livro de "ficção em poemas" e o "leitor encontrará muitas alusões, referências e citações encapotadas, às quais não deve ligar demasiado".
Pela sua maravilhosa arte de poetar perpassam cidades que nunca atravessou, nomes que ressoam da infância, Cidades como casas desfeitas, / caixotes abertos no chão, gavetas por esvaziar, / livros que sempre sobram. / É fácil resumir uma vida. / O que dela ficará, não sabemos. Mais certamente / nada (p. 7), sempre com a noção de recomeçar e do regresso, voltar a casa, mesmo que as portas rangem e os móveis são tomados pelo pó.


Para Luís Filipe Castro Mendes, homem viajado, qual trota-mundos nas asas da poesia, O tempo que resta não é para confissões / nem para ajustes de contas: / pois quem guarda o guardião, quem despe a roupa / das vestais do templo? / A água corre ainda, um fio sequer, de torneiras / em desuso. Respiro e não deixo de olhar. / Até ao fim não deixarei de olhar... (p. 9). Um olhar de quem viaja, aprendendo e revisitando espaços e lugares, sentindo, ao mesmo tempo, insónias de um velho, respostas para quem sempre andou por fora, alojando-se nos "pretextos de poemas", observando e escrevendo. Tal como o afirmara no painel: Todos os caminhos conduzem a este lugar / chamado melancolia: mas não te julgues / privilegiado só porque chegaste ao que é comum / a todos e a cada um: o que pensas e sentes / sempre se irá desfazer / nas palavras incompreensíveis de uma língua morta, / num disco arranhado, num borrão de tinta a espalhar-se / na tela. Por isso é tão trivial o que dizes, / como repetir o gesto de enfiado cansaço / com que me recebeste esta noite, melancolia... (p. 23). Uma melancolia saudável, por um grande poeta que não conhecíamos, servida pelo luar, pelos alicerces da vida, pelo gosto dos jantares de província e pela memória, escutando o Anjo, esperando a exortação.
NOTA MÁXIMA!    

domingo, 28 de fevereiro de 2016

LUÍS MIGUEL ROCHA (1976-2015) HOMENAGEADO

A subtileza das nossas palavras não fariam qualquer sentido se não nos movesse a todos a obrigação de nos sentirmos reconhecidos pelo facto do LUÍS MIGUEL ROCHA fazer parte da nossa vida, enquanto familiares, amigos/irmãos, editores e leitores incondicionais. Devemos-lhe muito. Por isso, através da Porto Editora e com o apoio da Câmara Municipal de Viana do Castelo, teremos a obrigação de marcarmos presença na Cerimónia de Lançamento do seu livro «CURIOSIDADES DO VATICANO», bem como uma homenagem em sua memória, que ocorrerá pelas 11 horas do dia 5 de Março de 2016 (Sábado), na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo. Todos somos poucos!


Conscientes de que toda a força estimativa é uma faculdade sensitiva, o que a torna distinta e diversa da imaginação, sendo que esta imaginação tem por objecto as imagens das coisas percebidas por intermédio dos sentidos externos, não «perdoaremos» a todos aqueles que não aparecerem no próximo sábado (5 de Março de 2016), para assistirem à cerimónia de lançamento do livro «Curiosidades do Vaticano», bem como à homenagem a Luís Miguel Rocha. Obrigação? Talvez!