Émile-Antoine Bayard, nasceu em Ferté-sous-Jouarre,
França, a 2 de Novembro de 1837 e morreu no Cairo, em Dezembro de 1891. Foi um
pintor, decorador, designer e ilustrador francês. Estes são principalmente
desenhos de controlos editoriais que detêm hoje a atenção dos fãs. Sem ser tão
corajoso quanto Paul Gavarni, soube harmonizar gestos para expressões faciais,
fazendo-a personagens particularmente expressivos.
segunda-feira, 25 de julho de 2016
«Histoire de La Magie du Monde Surnaturel» e as ilustrações de Émile-Antoine Bayard (1837-1891)

quinta-feira, 21 de julho de 2016
Ritos de passagem e liminaridade!
«Se queremos perceber os
caracteres específicos do pensamento mítico, devemos pois demonstrar que o mito
está, simultaneamente, na linguagem e além dela…»
Claude Lévi-Strauss
Segundo Victor W. Turner, a Liminaridade é a passagem entre
o “status” e estado cultural que foram cognoscitivamente definidos e
logicamente articulados. Apesar de expressar uma certa convicção de ambiguidade
e de indeterminação no que concerne aos seus atributos, o mesmo autor afirma
que os mesmos exprimem-se por uma rica variedade de símbolos, nomeadamente
naquelas várias sociedades que, precisamente, ritualizam as transições sociais
e culturais: Assim, a liminaridade
frequentemente é comparada à morte, ao estar no útero, à invisibilidade, à
escuridão, à bissexualidade, às regiões selvagens e a um eclipse do sol e da
lua.
É o próprio Victor W. Turner que nos remete para Van
Gennep, quando este definiu os «Ritos de Passagem» como os ritos que acompanham
toda a mudança de lugar, estado, posição social e idade . Por exemplo, nessa
passagem de um território para outro, Van Gennep considera que qualquer que
passe de um para outro acha-se assim, material e mágico-religiosamente, durante
um tempo mais ou menos longo em uma situação especial, uma vez que flutua entre
dois mundos. Encontramos assim entidades liminares, entre outros, em neófitos
nos ritos de iniciação ou de puberdade, de casamento, de fertilidade, de parto,
de investidura, de cura e de morte.
Em Arnold Van Gennep, o esquema completo dos ritos de
passagem admite em teoria ritos preliminares
(separação), liminares (margem) e pós-liminares (agregação). No fundo, uma
trilogia que passa pelos estados de separação do mundo de que alguém se vai
separar, pelo momento de transição ou de liminaridade e, por fim, pelo momento
de agregação. Roberto da Matta, na introdução a obra «Ritos de Passagem»
revela-nos que a grande descoberta de Van
Gennep é que os ritos, como o teatro, têm fases invariantes, que mudam de
acordo com o tipo de transição que o grupo pretende realizar. Se o rito é um
funeral, a tendência das sequências formais será na direcção de marcar ou
simbolizar separações. Mas se o sujeito acaba por mudar de grupo (ou de clã,
família ou aldeia) pelo casamento, então as sequências tenderiam a dramatizar a
agregação dele no novo grupo. E conclui dizendo que se as pessoas ou grupos
passam por períodos marginais – nos quais se incluem a gravidez, o noivado, a
iniciação, etc. – a sequência ritual investe nas margens ou na liminaridade do
“objecto em estado de ritualização”. De facto, em muitas sociedades
tradicionais, a mudança de estatuto – de que tomamos como exemplos, a transição
da fase de jovem para adulto e, deste, para o casamento – pode revestir-se de
um conjunto de rituais de iniciação, cuja complexidade varia de sociedade para
sociedade. Apesar das diferenças culturais, o processo de passagem tem sempre
como objectivo um conjunto de aprendizagens e provas, tendente à ruptura com o
estado anterior. Outro dos exemplos que subsiste até aos nossos tempos é o
casamento: É por isso que o casamento se
reveste sempre de uma forma institucional, primeiramente religiosa, depois
laica, e implica uma “sacralidade”. Segundo Jean Maisonneuve, nas ditas
sociedades “arcaicas e tradicionais”, os ritos de separação visavam manter um
certo equilíbrio ao compensarem a perda da pessoa que abandonava o seu clã ou a
sua família. Aqui funcionavam as práticas de «“resgate”, de presentes,
prestações ou recepções a favor do grupo que perde um dos seus membros».
Por outro lado, Arnold Van Gennep chama-nos à atenção para
o facto de que ao atravessarmos uma «soleira», significa ingressarmos num mundo
novo. Ainda segundo ele, tal é o motivo que confere a esse acto grande importância,
nomeadamente e a título de exemplo, nos cerimoniais de casamento, de adopção,
de ordenação e dos funerais. Para este autor, os ritos realizados na própria
«soleira» são ritos de margem: como rito
de separação do meio anterior há ritos de «purificação» (a pessoa se lava, se
limpa, etc.), em seguida ritos de agregação (apresentação do sal, refeição em
comum, etc.). Concluindo o seu raciocínio, os chamados ritos da soleira, não
são por conseguinte ritos «de aliança» propriamente ditos, mas ritos de preparação
para a aliança, os quais são procedidos por ritos de preparação para a margem.
Para Claude Lévi-Strauss, por exemplo, a sociedade é feita
de indivíduos e de grupos que se comunicam entre si. Entretanto, e ainda
segundo ele, a presença ou a ausência de comunicação não poderia ser definida
de maneira absoluta, dado que mais do que fronteiras rígidas, trata-se de
limiares, marcados por um enfraquecimento ou deformação da comunicação, e onde,
sem desaparecer, esta passa a um nível mínimo.
Congratulamo-nos com o propósito do Município Barquense em
querer sair dos ritos de soleira e expandir os ritos de preparação para a
aliança, nomeadamente quando sabemos da investigação em curso para despoletar o
património imaterial da Festa de S. Bartolomeu, partindo dos “ritos de
preparação para a aliança, os quais são procedidos por ritos de preparação para
a margem”.
De facto, vale a pena lutar pelas referências
multidimensionais, de que são exemplo, entre outras, os “baptizados da
meia-noite”. Estabelecer pontes pode muito bem ajudar a descodificar a
“certeza” de que a mesma lógica se produz no pensamento mítico e no pensamento
científico. E nunca esquecer: Scribitur ad narradum, non ad probadum!
(In, Notícias da Barca, Ano XL, N.º 1250, 20 de Julho de 2016, p. 7 - Crónicas do Átrio e do Lethes-25)

segunda-feira, 11 de julho de 2016
A sociedade humana e o conceito de justiça distributiva!
«A questão política
essencial é a da justiça das quotas de reserva de cargos para os quais é
necessário ser membro de determinado grupo, embora, presumivelmente, tal não
constitua qualificação suficiente…»
Michael Walzer
Da leitura que fizemos – e continuamos a fazer – de Michael
Walzer, nomeadamente da sua obra mais emblemática «As Esferas da Justiça»,
concluiríamos que numa sociedade em que os significados sociais se encontram
definidos e hierarquizados, a justiça deveria vir em auxílio da desigualdade, e
a sociedade humana reunir-se para compartilhar, dividir e trocar. E quando
falamos do conceito de justiça distributiva referimo-nos ao ser, fazer e ter,
quer ao nível da produção quer ao nível do consumo, abarcando a identidade e a
posição social, a terra, o capital ou os bens pessoais de cada um de nós. Por
isso, é que identificamos diferentes ideologias e diferentes combinações
políticas perante esta realidade. Dado que nunca existiu um meio universal de
trocas, também não há um único acesso ao universo de combinações e ideologias
distributivas.
Apesar de o dinheiro ser ao longo da aventura humana o meio
mais comum de troca, identificamos vasta impotência das autoridades públicas em
assegurar uma regulação total na sociedade. Além de redes familiares e mercados
negros são sobejamente conhecidas as alianças burocráticas e organizações
políticas e religiosas clandestinas. Segundo Michael Walzer, o particularismo
da história, da cultura e da qualidade de membro constitui, cada dia mais, este
pluralismo complexo que condiciona a construção humana da justiça. Sendo certo
que os bens objecto da justiça distributiva são bens sociais, estamos perante
um cenário onde as mulheres e os homens possuem identidades concretas devido ao
modo como concebem e criam e depois possuem e utilizam os mesmos bens sociais.
Cada um deles determina os seus bens primários ou básicos e os universos morais
ou materiais em que caminham ou sonham.
A história testemunha-nos que o significado dos bens
determina ou orienta a deslocação humana. Daí, que as distribuições, justas ou
injustas, e os respectivos significados sociais se alteram com os tempos. Na teoria,
o poder político será, em democracia, o bem predominante, passível de ser
convertível em qualquer modo que os cidadãos queiram. À partida todos nos
devemos concentrar na atenuação do predomínio e não, ou não essencialmente, na
destruição ou limitação do monopólio. Tal como a livre troca também o
merecimento nos dá impressão de ser tanto ilimitado como pluralista. Todavia,
sabemos que o merecimento é uma pretensão sólida, mas que reivindica um juízo
difícil e só em condições muito excepcionais potenciará distribuições
específicas.
A história também nos demonstrou que cada época se
caracterizou por um quadro ou quadros de um mundo social especial, onde os
significados sociais se sobrepõem e aderem uns aos outros. Temos a noção de
quanto mais perfeita é essa adesão, menos possibilidade teremos de pensar
sequer na igualdade complexa, dado que todos os bens se apresentam, em
república, como “coroas e tronos numa monarquia hereditária”. E aqui falámos do
contraditório e da negação de uma república hierarquizada.
A igualdade complexa exige a defesa dos limites; funciona
por meio da diferenciação dos bens, assim como a hierarquia funciona por meio
da diferenciação das pessoas. A política presente é produto, ainda que o tentem
negar, da política passada, criando um cenário inevitável para a apreciação da
justiça distributiva, quando a única alternativa plausível à comunidade
política é a própria Humanidade, a sociedade das nações, o mundo inteiro. A
providência comunitária é importante porque nos mostra o valor da qualidade de
membro. Sob a égide da cultura, religião e política é que todas as outras
coisas que carecemos se transformam em necessidades socialmente reconhecidas e
assumem uma forma histórica e definida. O mais vulgar na história das lutas
populares é a exigência, não da libertação, mas sim do cumprimento: que o Estado
satisfaça os objectivos que afirma satisfazer e relativamente a todos os seus
membros. A comunidade política cresce por invasão sempre que grupos até aí
excluídos, um após outro, exigem o seu quinhão de segurança e previdência.
A justiça distributiva na esfera da segurança e da
previdência tem um duplo significado: em primeiro lugar, reporta-se ao
reconhecimento da necessidade e, em segundo, ao reconhecimento de qualidade de
membro. O direito que os membros podem legitimamente reivindicar é de carácter
mais geral. Assim, nenhuma comunidade pode permitir que os seus membros morram
de fome, havendo víveres disponíveis para os alimentar. A previdência tem
geralmente como objectivo abolir o predomínio do dinheiro na esfera da
necessidade, assim a participação activa dos cidadãos em matéria de
previdência, e também de segurança, tem como objectivo assegurar que o
predomínio do dinheiro não venha a ser substituído pelo predomínio do poder
político.
Segundo o Eclesiastes o dinheiro paga todas as coisas. Karl
Marx apelidou-o de alcoviteiro universal, dada a propensão que revela para
ajustar uniões escandalosas entre as pessoas e os bens e por dizimar todas as
barreiras naturais e morais. O seu endeusamento é a alavanca suprema da
sociedade capitalista.
Pena é que os políticos – detractores e coveiros da nobre
arte de fazer política – leiam muito pouco, mas se achem no direito de se
sentirem iluminados pelo predomínio do dinheiro na esfera da necessidade. E
falam de economia, excluindo a participação activa dos cidadãos em matéria de
previdência e segurança. O dinheiro (em papel), esse, está em “offshores” e quase
todos os dias lá vai saindo da cartola mais um “presumível inocente” até ao seu
julgamento e condenação pelas esferas da justiça. É apenas um arguido! – dizem-nos com alguma safadeza.
Para terminarmos, uma questão se coloca: – Que esferas da justiça, para a Europa e o
Portugal de hoje?
(In, Notícias da Barca, Ano XL, N.º 1249, 9/10 de Julho de 2016, p. 7 - Crónicas do Átrio e do Lethes-24)

quarta-feira, 6 de julho de 2016
Spieghel der Zeevaert (O Espelho da Navegação)
Frontispício da obra Spieghel der Zeevaert (O Espelho da Navegação), um compêndio de arte de navegação escrito pelo piloto holandês Lucas Janszoon Waghenaer e publicado em 1579 (Biblioteca Pública de Londres).

sexta-feira, 1 de julho de 2016
«Do cavalo e da jovem rapariga» à hermenêutica de uma Europa em desconstrução!
«De entre os Códridas já
não se elegiam reis, por se considerar que se tinham tornado efeminados e
brandos. Hipómenes, um dos Códridas, quis afastar esta acusação. Tendo
surpreendido um amante com a sua filha Leimônê, matou-o amarrando-o ao carro
com sua filha, e a esta encerrou-a com um cavalo até que morreu…»
Aristóteles
Um dia propuseram-nos um exercício, onde nos confrontamos
com dois pequenos excertos dos textos de Ésquines (Contra Timarco) e de Aristóteles (Fragmento da Constituição dos Atenienses), e por acharmos que, tal
como afirmaria Richard E. Palmer, em hermenêutica o processo de interpretação
“vai de um conteúdo e de um significado manifestos para um significado latente
ou escondido ”, aventamos a hipótese de o objecto de interpretação, neste caso
concreto os dois pequenos textos, poder ser constituído por símbolos
mitológicos, sociais ou literários.
Inicialmente, espelhando uma certa desarticulação de
raciocínio, só porque fomos iludidos pelo cenário, desprezamos o conteúdo ou o
tema nevrálgico de tais “construções literárias”. Na altura, tomaríamos a
interpretação certa, envoltos na máxima grega «Antes a Morte que a Desonra», sendo que o castigo corporal era
encarado, na antiga Grécia, como modelar. Os condimentos que nos poderiam
conduzir a tal interpretação estavam lá, mesmo quando o fizemos – ou procuramos
fazer – à luz da história, sem esquecermos o tempo e o espaço. Mas, sem querer,
apenas estávamos a dissimular uma construção interpretativa de “pescadinha de
rabo na boca”. Apesar de termos tomado em linha de conta o sentido figurado ou
metafórico, levados pelos conceitos do exemplo moral, numa Grécia da sabedoria,
da beleza e da justiça, dado que as mulheres estavam sujeitas a restrições –
eram bastante dominadas pelos maridos, pais ou irmãos e raramente participavam
na política ou em qualquer outra forma da vida social –, só posteriormente nos
apercebemos do nosso erro de raciocínio.
Enquanto nos enredávamos na teia “Do cavalo e da jovem
rapariga”, sentíamos – ou ficaríamos com a sensação de – que, como uma
centelha, a verdadeira “jurisprudência” do zeloso e guardião pai, da virgindade
da jovem rapariga, ocultava algo bem mais grave do que a simples disciplina
exemplar do castigo corporal, pela agravada desonra perpetrada por sua casta
filha. Os termos, quer num quer noutro texto – “...ao descobrir a sua própria
filha seduzida e que não tinha guardado a sua virgindade com decoro...” (Contra Timarco) ou “Tendo surpreendido
um amante com a sua filha...” (Constituição
dos Atenienses) – levar-nos-iam a pensar, ainda que erradamente, na
exemplaridade moral, tendo em conta que na Grécia Antiga a violência fazia
parte da sua cultura e, quiçá, do seu subconsciente. A acidentalidade do espaço
geográfico; a luta pela hegemonia; as querelas locais – de que é exemplo o
duelo entre Ésquines e Demóstenes –; a expressão e sobrevivência dos próprios
deuses, ainda que simbolizados pelas forças da Natureza, ostentavam também os
sentimentos bons ou maus dos seres humanos – para os Gregos, todos os homens se
transformavam em deuses logo após a morte –, revestindo-se em histórias
mitológicas, ora poéticas e graciosas, ora absurdas e pueris, ora imorais e
grosseiras; e a própria “Tragédia Grega”, levar-nos-ia a equacionar a própria
violência como factor preponderante para a interpretação dos textos.
É com base no sentido de interpretarmos as palavras, leis,
códices ou textos sagrados, que utilizamos a hermenêutica, porque se nos
configura como um método afastado da arbitrariedade interpretativa romântica e
da redução naturalista. Abominamos o autoflagelo e o assoberbado pacifismo do
sofrimento como expiação. Toda (ou quase toda) a gente sabe que escrevemos uma
deambulação trágico-literária, «Baliza Trágica de Um Naufrágio», que ao passar
pela “mãos” de uma prestigiada editora, chegaríamos a entender a resposta à
nossa proposta da sua publicação, e que registamos com apreço: Conquanto comece com uma proposta de
romance, opta depois o autor por um colóquio com vários amigos, onde são
debatidas múltiplas questões de teor filosófico, político e social, com
recorrência a uma erudição tão rica quanto vasta, que atravessam vários
períodos da história contemporânea e actual, incluindo a do nosso país. / Pese
embora o interesse de todas elas, põem-se-me muitas dúvidas quanto à
receptividade que o livro poderá ter junto de um público que na sua grande
maioria está mais virado para uma literatura de evasão que não exija muito da
sua massa cinzenta. / É ver o êxito que têm os livros que vão de encontro a
essa preferência, como é o caso do José Rodrigues dos Santos... – Assim
não, obrigado. Antes escritor da aldeia, sem rosto, que mercenário… bebendo nas
águas do Lethes, observando, lendo e escrevendo: «Gaspar Malheiro, conhecendo
bem João Rosas como bem conhece e admira, partilha da sua bem fundamentada
ideia de que a tarefa ciclópica para mudar o paradigma dessa “desconstrução”,
será preciso incomodar milhares de tecnocratas e sobretudo políticos cuja razão
de ser – e rendimentos – advêm da União Europeia tal como existe hoje. – Mas o processo de desconstrução europeia é
inevitável e o país melhor preparado para liderá-lo é a Grã-Bretanha, uma vez
que sempre manifestou um saudável cepticismo em relação ao construtivismo
continental… – afiança João Cardoso Rosas» (In, p. 332 do Baliza Trágica de
Um Naufrágio). E não somos videntes…
Esquecendo-nos por completo do cavalo e da jovem rapariga,
assistimos serenamente à saída da Grã-Bretanha da União Europeia, mantendo a
televisão em “off”, face às incursões dos malogrados “objectores de
consciência” (com prognósticos no fim do jogo) e aos ignorantes, e/ou
ajumentados, economistas e políticos de pacotilha. Tal como questionaria Eça de
Queiroz, em 1891: Que fazer? Que esperar?
Portugal tem atravessado crises igualmente más: – mas nelas nunca nos faltaram
nem homens de valor e carácter, nem dinheiro ou crédito. Hoje crédito não
temos, dinheiro também não – pelo menos o Estado não tem: – e homens não os há,
ou os raros que há são postos na sombra pela Política. De sorte que esta crise
me parece a pior – e sem cura –, sentimos algum cansaço e cepticismo na
mudança das fraldas.
Afinal, resolvemos voltar à hermenêutica “do cavalo e
da jovem rapariga”, porque acabamos por descobrir que a nossa própria filha
Europa foi seduzida e não soube guardar a sua virgindade com decoro… Scribitur ad narrandum!
(In, Notícias da Barca, Ano XL, N.º 1248, 30 de Junho de 2016, p. 7 - Crónicas do Átrio e do Lethes-23)

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