Falar do Dr.
Manuel Rodrigues de Freitas torna-se extremamente fácil dado que, dele temos a
melhor das impressões. Sempre o vimos como um homem transparente, de grande
carácter e incondicionalmente vianense, apesar da sua natalidade aveirense.
Mais de que muitos por aí “paridos”, principalmente aqueles que
“escarafunchosamente” teimam em dar sinal negativo daquilo que os outros – não
sendo de cá – anseiam e afirmam ser positivo, o Dr. Freitas (como
carinhosamente o tratamos) ama a nossa terra como fosse sua, mostrando-se e
cultivando-se empreendedor, solidário e acérrimo defensor dos nossos valores
culturais. É daqueles que quando sente alguma animosidade por parte dos outros
prefere afastar-se que alimentar desnecessárias questiúnculas, tão em voga na
nossa praça. Apesar de ter andado pela política nunca o sentimos ser político,
quando tomamos em conta o exemplo de muitos daqueles que se dizem e se afirmam
como tal. A nosso ver, a personalidade do Dr. Freitas molda-se bem à máxima de Vauvenarques
quando dia afirmou que «uma viva inteligência de nada serve se não estiver
ao serviço de um carácter justo; um relógio não é perfeito quando trabalha
rápido, mas sim quando trabalha certo». E é nesta certeza que nos
relacionamos com este ilustre aveirense.
Manuel
Rodrigues de Freitas, filho de agricultores, nasceu na freguesia de Requeixo,
concelho de Aveiro, a 23 de Dezembro de 1940. Depois de frequentar o ensino
primário na sua terra natal, completou o ensino liceal em Tondela, Viseu. Em
1960 ingressou na Faculdade de Economia do Porto até que, em 1963, foi
compulsivamente alistado para a guerra no ultramar, onde esteve dois anos e
meio, como Chefe de Contabilidade e Inspector de Contabilidade do Agrupamento
de Engenharia de Moçambique, onde foi distinguido com todos os louvores
possíveis. Iniciou o serviço militar como Alferes e terminou como Tenente. De
regresso à Faculdade, acabou por se licenciar em 1968. No entanto, antes da
licenciatura foi Professor na Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo
e Inspector do Banco Pinto de Magalhães do Porto.
Por motivos
familiares regressou a Viana do Castelo para gerir a Ourivesaria Freitas
(fundada por seu tio Joaquim Simões de Freitas), continuando a dar aulas na
Escola Industrial e Comercial de Viana do Castelo, até Junho de 1974. Em finais
desse mesmo ano, ingressa no então Partido Popular Democrático (PPD), onde se
torna um dos seus fundadores, em Viana do Castelo. Foi presidente da Comissão
Política Distrital desse mesmo partido durante vários anos, principalmente
durante o atribulado período revolucionário; primeiro presidente da Assembleia
Municipal de Viana do Castelo, tendo sido eleito numa segunda eleição, por
unanimidade. Infelizmente, não chegou a concluir o mandato, por
desinteligências com a política local. Para além disso, o Dr. Manuel Freitas
foi mandatário distrital na primeira candidatura do General Ramalho Eanes à
Presidência da República e na do Professor Diogo Freitas de Amaral. Por volta
de 1980, chegou a afastar-se da actividade política (aparecendo esporadicamente
como suplente nas listas de candidatos pelo PPD/PSD), sem que antes tenha sido,
também, Conselheiro Nacional do PPD e Conselheiro do Governo Civil de Viana do
Castelo.
No currículo
deste ilustre vianense – ainda que aveirense por nascimento – temos ainda a
presidência da Mesa da «Santa Casa da Misericórdia», durante vários anos;
Presidente da Assembleia Geral da «Associação Comercial (hoje, Associação
Empresarial) de Viana do Castelo»; Fundador e sócio n.º 1 do «Surf Clube de
Viana do Castelo» e Presidente da Assembleia Geral; Presidente do Conselho
Fiscal da «Associação Distrital de Judo»; Fundador e membro da direcção do «Clube
de Economistas do Alto Minho», do «Forum Vianense» e dos «Amigos de Santa
Luzia»; e, Membro da «ALAAR» (Associação Limiana dos Amigos dos Animais
Abandonados).
Escreveu o
livro «Filigranas Portuguesas» e, de parceria com Amadeu Costa, «Ouro Popular Português».
É colaborador em várias revistas portuguesas da especialidade e, habitualmente,
tem feito exposições em Portugal e no estrangeiro, nomeadamente na Delegação da
Secretaria de Estado da Cultura, no Porto; Museu do Traje e Municipal de Viana
do Castelo; Trear – Alemanha; Gotemburgo – Suécia; e, Bulle – Suiça. As
exposições no estrangeiro têm sido todas subordinadas ao tema «TRAJAR E OURAR»
e foram sempre patrocinadas pela Secretaria de Estado das Comunidades
Portuguesas.
Finalmente, o
Dr. Manuel Rodrigues de Freitas tem feito inúmeras palestras em Portugal e no
estrangeiro, nomeadamente para Clubes de Rotários e Lyons em várias partes do
País; no Museu Municipal e do Traje de Viana do Castelo; às esposas do Corpo
Diplomático Credenciado em Portugal; no «Museu Nacional de Lamego»; Delegação
do Norte da «Secretaria de Estado da Cultura»; «Museu Nacional do Traje»; «Casa
do Minho» no Rio de Janeiro; «Estufa Fria», em Lisboa; «Universidade de Trear»
na Alemanha; «Instituto Politécnico de Viana do Castelo», várias escolas, etc.
A «Ourivesaria
Freitas», da qual é proprietário e gerente, obteve o primeiro lugar a nível
nacional, depois de observada por especialistas da revista «Proteste» dentre as
muitas ourivesarias espalhadas de norte a sul do País.
Face à sua relutância em nos ceder alguns dos dados biográficos – já que
muitos deles possuímos no nosso arquivo particular –, o que por certo não
espelharão a verdadeira dimensão da personalidade do bom amigo e empresário de
sucesso Dr. Manuel Rodrigues de Freitas, aqui fica o «Retrato de Memória»
possível!
O Dr. Manuel Freitas desencarnou no dia 15 de Outubro de 2017.
(In, A Aurora do Lima, Ano 150, N.º 32, Sexta-feira, 6 de Maio de 2005)
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