sábado, 3 de fevereiro de 2018

KAZUO ISHIGURO NO HORIZONTE...

Leitura iniciada pelo Natal de 2017

Continuação da leitura, em jeito de descompressão, ao princípio da tarde de hoje, com imagem, a pensar na nossa história por vezes selvagem, por vezes misteriosa, sempre intensamente comovedora, luminosa sobre o esquecimento e o poder da memória: «Penetraram no bosque, e o solo que pisavam modificou-se. Havia musgo suave, urtigas e até mesmo fetos. Acima das suas cabeças, as folhas eram tão densas que formavam um tecto, de modo que durante algum tempo avançaram numa penumbra cinzenta. Contudo, aquilo não era uma floresta, pois depressa viram à sua frente uma clareira com o círculo de céu aberto por cima dela...» (ISHIGURO, Kazuo – “O Gigante Enterrado”. Lisboa: Gradiva Publicações, 4.ª ed., Novembro 2017, p. 302). E logo hoje que sentimos o pulsar da superfície urtigada cobrindo, mas ao mesmo tempo aclarando, uma abóbora, cuja utilidade prática na noite anterior, nos servira de transporte ao tempo da “gata borralheira”. Ficamos com a estranha sensação que o sapatinho de cristal, por certo, um dia se irá quebrar… Sempre haverá hipótese de reciclagem. Sorte a nossa, porque não há noites iguais. Felizmente, dormiremos de consciência tranquila, aconchegados ao nosso travesseiro de plumas!

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