quinta-feira, 8 de maio de 2025

BRUMAS DO TEMPO (III)

Nos caminhos que levam a Santiago de Compostela, a Alma (De Anima em Aristóteles) encontra sua jornada entre pedras gastas e passos antigos. Aqui, cada trilho carrega a marca de milhares de corações que ousaram procurar algo além da paisagem – a promessa de um reencontro com a fé e a esperança.



No sopé do Santuário de Nossa Senhora da Agonia, em Viana do Castelo, ergue-se a torre sineira, ladeada por um farol, como uma sentinela, apontando para o céu e para o futuro. As setas amarelas, símbolos universais dos peregrinos, guiam aqueles que, em meio à sua própria agonia (física e mental), procuram a luz de um novo amanhecer. O sino que ressoa nesta torre é como um clamor eterno: um lembrete de que toda dor tem um fim, e todo caminho difícil encontra sua recompensa.

A ponte entre a agonia e a esperança é construída com fé e persistência. Em cada quilómetro, os pés cansados deixam para trás as dúvidas, e o coração se abre à serenidade que só a estrada pode oferecer. A peregrinação não é apenas uma travessia física, mas um caminho interior – onde o peso do fardo se torna leve, e a busca por Santiago se transforma numa busca pela própria De Anima redimida. Sob a sombra do santuário e o brilho das estrelas que coroam a noite, seguimos em frente, com a certeza de que a esperança nos aguarda em cada horizonte desvelado!

(In, A Aurora do Lima, Ano 170, Número 02, quinta-feira, 16 de janeiro de 2025, p.17)

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