quinta-feira, 8 de maio de 2025

BRUMAS DO TEMPO (IV)

Modos de ver e ouvir Viana que do Lima se fez Princesa, onde janelas há muito fechadas abrem horizontes de inspiração ao Belo e ao Bom. Nesta terra de encontros, onde o tempo repousa com doçura, cada esquina murmura histórias de amor – e que maior amor que aquele que se funda na memória?

No coração de Viana, a arte urbana transforma vidro e pedra em espelhos da alma. A avó, como a cidade, guarda em si o calor do passado e a promessa eterna de um abraço. É como Platão ensinou: o Amor é o motor que nos eleva, uma sede de sabedoria que nos impele a contemplar o mundo para além da superfície.



Assim, ver e ouvir Viana é mais que um simples ato dos sentidos. É participar de uma dança antiga, em que o belo nos convida ao bom, e onde o coração, como a janela pintada, nunca deixa de procurar o infinito.

Sim, em Platão, o Amor é por excelência o motor da filosofia, definida à partida como «amor à sabedoria», qual cordão umbilical que une o finito ao eterno, inspirando o espírito à procura da verdade pelo belo. Como a avó, guardiã das memórias e do afeto, a cidade de Viana do Castelo é um relicário de tempos vividos e sentidos profundos. Ambas permanecem no coração, não como lembranças estáticas, mas como faróis que orientam o pensamento para o bem. No reflexo das janelas pintadas, vê-se o laço invisível entre a tradição e o futuro, onde a Arte se torna ponte – uma filosofia viva que desperta o olhar para as raízes do Amor e a promessa de uma sabedoria sempre por alcançar!

(In, A Aurora do Lima, Ano 170, Número 03, quinta-feira, 23 de janeiro de 2025, p. 9)

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