quinta-feira, 8 de maio de 2025

BRUMAS DO TEMPO (VIII)

 A Luz e o Sentido da Existência. A luz, enquanto manifestação do inteligível, não se reduz a um mero fenómeno físico, mas sim a um princípio que orienta o pensamento e a existência. Desde os primórdios, foi a luz que rasgou as trevas do desconhecido, permitindo à razão erguer-se contra a incerteza.

Camilo Castelo Branco dizia que o Amor é uma luz que não deixa escurecer a vida. E não há contradição entre amor e razão: ambos iluminam, cada um à sua maneira. A verdade, por sua vez, é um candeeiro de quatro lâmpadas. Se uma se extingue, ainda restam três para impedir a escuridão completa. Assim é o conhecimento: quando uma certeza nos falta, há sempre outros focos que permitem vislumbrar novos caminhos.

Nos textos judaicos, há um ensinamento essencial: a luz é mais apreciada depois da escuridão. Somente aqueles que já sentiram o peso da sombra compreendem o valor do brilho que dissipa a dúvida. O candeeiro de quatro globos encerra uma metáfora: mesmo quando um véu opaco tenta ocultar o sentido, há sempre claridade suficiente para quem deseja ver.

Sigamos, pois, a luz – seja a da razão, a do amor ou a da verdade. Pois enquanto houver lume aceso no pensamento e no coração, a escuridão nunca será definitiva.

(In, A Aurora do Lima, Ano 170, Número 08, quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025, p. 25)

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