As varandas iluminadas da Misericórdia de Viana do Castelo, sob o manto da noite, não são apenas pedra, luz e história – são espelhos da alma humana. O edifício da “Casa das Varandas” transcende o tempo ao carregar em si o gesto de cuidar. Ali, onde o Renascimento e o Maneirismo se encontram, pulsa uma arte que não se limita ao estético, mas se expande ao ético. A beleza das colunas, das arcadas e das linhas harmónicas reflete a procura do homem pelo equilíbrio entre razão e sensibilidade.
Inspirada por mestres
italianos e flamengos, a estrutura nasce num tempo em que o homem se redescobria
como centro do mundo. Mas neste caso, o centro não é o ego, é o outro – aquele
que sofre, aquele que precisa. A confraria da Misericórdia, ao construir este
espaço, inscreveu na pedra um ideal de compaixão. Cada varanda é palco de uma
silenciosa promessa: ver o mundo com olhos de humanidade.

